Depois da pesquisa de mestrado realizada no PPGAC - UFBA, intitulada TEATRO X FUTEBOL: Por uma dramaturgia do espetáculo futebolístico, dou continuidade à pesquisa em nível de doutorado: A EXPERIÊNCIA TRÁGICA DO TORCEDOR: o Futebol como espetáculo absoluto do Século XX. Neste blog pensamentos, perguntas, problematizações, cotidianices, política, arte, poesia. TEATRO E FUTEBOL juntos, porque entre o campo e o palco, entre o jogo e peça existem mais parentescos do que supõe a nossa vã filosofia.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Não me ligue às 7h30 da noite. Tô vendo TiTiTi
Os machões do futebol que me perdoem, mas hoje vou falar do futebol das mulheres: A novela!!!
Eu tenho cá minhas paixões e minhas ressalvas com novelas. Paixões, porque elas me criaram. Suas imagens, trilhas, sonoras, figuras, questões, aberturas, figurinos, quadro de horários pautam a vida de todo brasileiro. Quando era criança sabia que era hora de jantar porque começava a novela das 7. Sabia que era domingo, porque não tinha novela. Ressalvas por conta de todo o conteúdo ideológico que ela veicula, sobretudo de questões de gênero, de classes sociais e de padrões de vida. Mas, não se pode negar que ela dialoga com nosso dia-a-dia de forma espantosa e que ainda estamos longe de saber se ela reproduz ou produz a sociedade que a consome.
Minha mãe continua adicta de novelas. Quando faço minhas críticas sócio-político-ideológicas sobre as novelas, ela defende: "Não fale mal de minhas amigas! São elas que me fazem companhia na solidão das noites." Como continuar discutindo?
Nas últimas décadas, porém, as críticas são também estéticas. É inegável que as novelas não têm tido mais aquela pegada de antes. A dramaturgia enfraquecida, a direção tosca e muito pouca criatividade no ar (literalmente). Fico me perguntando se quem mudou fui eu ou de fato a qualidade das novelas, e inclino-me a achar que mudamos ambas. Mas, ainda acho que o nível das novelas caiu mais do que meu nível de exigência aumentou, até porque sou do popular, não é à toa que brigo pelo futebol no meio acadêmico.
Assim, a última novela que acompanhei mesmo, com muita vontade foi talvez O Cravo e a Rosa e lá já se vão dez anos. Mas, de repente, eu e todo o Brasil somos tomados pela inusitada volta de TiTiTi. Digo volta, porque é um remake tão bem feito, não enquanto cópia ou imitação, mas como recriação mesmo. Outros remakes foram feitos, sem a mesma comoção. Irmãos Coragem, um fiasco, Paraíso, quase... Uma delícia foi a volta de Pantanal, não numa nova produção, mas na re-exibição, e agora Ana Raio e Zé Trovão que faz com que trintões como eu virem uns saudosistas, rindo de seus cabelos pigmaleão e de suas 'calças-pra-que-blusa', tendências inquestionáveis da época. Trouxeram também - estas produções da extinta Manchete - a saudade de um outro tempo de recepção estética, onde tudo era mais lento, o tempo dilatado, as cenas silenciosas numerosas, as falas mais poéticas.
Mas, voltemos a TiTiTi.
Quando vi as chamadas, já fiquei emocionada, porque me lembrei da minha infância, quando passou a primeira versão. Eu tinha 11 anos e usava as saias de napa de Xuxa, as ombreiras de Cláudia Raia e o cabelo de Robby do Menudo. Dançava fricote e ia aos bailes do Polivalente. Minha primeira música lenta foi num desses bailes cujo maior sucesso era a luz 'estrobo'. Era No more lonely nigths de Paul McCartney, que eu só saberia que tinha sido um Beatles muitos anos depois. Eu adorava Jack Le Clair e Victo Valentin. Falar Victor, com ênfase no 'K' era o must. Lembro - porque uma amiga me fez lembrar agora - das bonequinhas vestidas no manicômio. Lembro-me da minha amizade com minha irmã mais velha, que imagino estar adorando a idéia de ver Tititi de novo.
Quando vi que a abertura era com a mesma música, cantada (senão estou enganada) por uma Rita Lee mais madura e a mesma (meu deus!!!) a mesma arte da abertura, eu quase chorei. Pense o que era para uma criança de 11 anos aqueles desenhos, aquelas tesouras e agulhas brigando. E um detalhe importante: minha mãe é costureira e eu cresci entre tesouras, linhas e carretéis. Acho que - como meu filho hoje - a gente esperava mais pela abertura do que pela novela em si. E quais-quais-quari-quais-quais... e Ney Matogrosso, "me diz que sou seu tipo, me diz, meu bem, que eu acredito..." tudo de bom.
E o mais bárbaro é que o elenco desta nova produção é simplesmente MA-RA-VI-LHO-SO! Tenho minhas questões com Murilo Benício, enjoei dele um pouco, adoro Alexandre Borges, AMO Malu Mader, Cristiane Torloni e acho que até os egressos de Malhação tão dando um caldo. O casal gay de Minas é muito bom, gosto de ver as cenas com eles. Agora o TiTiTi de fato é ela, a bela, a exuberante, a maravilhosa da Cláudia Raia.
Meu Deus, que 'raia' de mulher é essa? Ela é simplesmente genial. As cenas dela com Borges são as melhores das muitas boas da novela. A cena em que Jack dá um colar para ela e ela fala do presente que recebeu do Massa, é demais. E hoje, ela falando pra viúva que ela estava ótima de preto e que agora que o marido morreu poderia usar o quarto dele para aumentar o closet. Demais.
Tem também a grande sacada do momento da moda que estamos vivendo, a profissionalização, as diversas áreas envolvidas, as questões que são levantadas como a magreza das modelos, o tudo pela fama. A cena do primeiro capítulo, quando Jack LeClair pergunta pra filha (que estuda moda na faculdade) o que é lady-like e ela explica. Aí ele chama ela pra trabalhar com o pai no ateliê, ela diz que não pode, porque tem trabalho na faculdade. O pai retruca: E você acha que moda se aprende na Faculdade? E a filha responde: E você acha que o que vc faz é moda??? E o filho cabeção pergunta se eles não têm assuntos mais relevantes para se ocupar... Enfim, um saque maravilhoso. Tenho cá pra mim que este vai ser o acontecimento do ano da Globo e se a moda pega - e que quero mais é que pegue mesmo - façam remakes à altura de outras pérolas como a melhor de todas: Roque Santeiro. E mais Cambalhacho, Fera Ferida, e quem lembrar de outras bota aí no comentário.
Bom, acho que deu, né. Eu ficaria aqui escrevendo páginas e páginas, mas não sei se vocês querem ler tanto. Senta a bunda no sofá, esqueça as cabeçudices da vida e curta esta obra de arte, linda e deliciosa que a Globo - com quem eu pego meus paus - está a nos oferecer. Quem sabe ela não volta a ser aquela Globo, que nunca foi santa, mas pelo menos era celeiro de artistas da envergadura de Dias Gomes, pra citar só um. Jorge Fernando e Maria Adelaide Amaral estão de parabéns, junto com toda a equipe de hoje e obviamente de outrora que fez nascer o sucesso.
Quero ver é dia de terça, que tenho aula do doutorado de noite. Oh, meu deus, vou ter que ver no youtube... rsrsrs.
É bolada, telespectador.
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Dri, adorei seu texto e também tô adorando rever tititi!!!
ResponderExcluirQue lindo lê o que você escreve Dri!
ResponderExcluirDe fato estou de olho em Tititi, me apaixonei por ela na primeira chamada da Globo, não assistir a primeira versão porque eu era bem pequenininha ainda.
O mais delicia disso tudo é que viajei com minhas imaginações no decorrer desse seu texto tão bem elaborado e bem escrito. Quando crescer quero ser igual a você.
BeijOo
Quem aguenta. Amiga... tu é uma doida de pedra. E maravilhosa.
ResponderExcluirBjs
Roberto de Abreu
Somos ligadas sim! Previsíveis, nunca!
ResponderExcluirBeijos FinosTrapianos,
Daisy Andrade
Realmente devo concordar com a senhora Sua Mãe, as novelas são as vezes as únicas amigas de milhares de pessoas que infelizmente não dispõe de outras formas de entretenimento. São amigas de mainha também tá!
ResponderExcluirGostei muito do seu comentário, no fundo achei maravilhosoooo!!!!!!! Lembra que no terceiro semestre, quando foi minha mestra, eu pretendia estudar a teledramaturgia afim de escrever meu TCC? Continuo firme com a idéia, e ler você falando (defendendo) da novela com tanto apego e colocando a mesma num grau de proximidade ao futebol, fortalece mais ainda aquilo que tenho certeza que pelo seu comentário deve concordar comigo: Novela é tão paixão nacional quanto futebol.São dois ícones nacionais fortíssimos, minto?
Está certíssimo, Gil. E eu me lembro, sim do seu projeto, por isso botei aquele recado no orkut. Eu até tentei entrar nessa discussão, de que em termos de artes cênicas a novela seria o que mais se aproxima do futebol, mas o orientador achou uma briga grande demais. Acho que vc é tão grande quanto essa briga e pode muito bem peitá-la. Acho seu projeto ousado, inovador, polêmico e isso é bárbaro num projeto. Tem todo meu apoio. Mas, uma coisa importante vc não falou: tá gostando de Tititi? Bjos. Adorei a visita.
ResponderExcluirÉ verdade esqueci de dizer, eu estou amando Tititi...kkk
ResponderExcluirDianaaaaa,também tô adorando Tititi! Assisto estatalada no sofá. Além de ninguém me ligar Jerônimo também está aprendendo que na hora da novela da luta de espadas(as agulhas) não tem mamãe certa!!! rsrs
ResponderExcluirBeijão
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, minha amiga das mais queridas! De novelas entendo pouco, não gosto nada. Já de futebol, dou lá os meus pitacos. Aproveitando os dois motes e o momento gostaria, então de ver um texto seu sobre essa novela do novo técnico da Seleção. Beijo!
ResponderExcluirPÔxa, com um pedido desses. VOu trabalhar nisso. Bjoca, amigo.
ResponderExcluirEu quero "Que rei sou eu" e "Vale tudo" (o melhor primeiro episódio de todos os tempos - rs!) de volta!!! E feitos à altura!!! Tenho dito!!!
ResponderExcluirBeijos
Paula, noveleira-mor!
E Mário Fofoca??? O fusquinha vermelho. Vai ser um tal de relembrar nessa novela. Delícia!!! Imaginem para os atores.
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