Estava, além de atordoada com coisas de fim de férias, com um certo curto-circuito na criatividade e sem imaginação para novos posts. Já estava até me cobrando, achando feio o blog ficar largado sem uma nova postagem. Pensei em falar sobre a final da Copa do Brasil, mas não achei prudente. Tentar isenção eu tento, mas tem post em que eu sei que não conseguiria.
Até que desejando feliz dia dos pais para alguém, me dei conta da importância do tema para o futebol.
Meu pai é corintiano roxo, como se houvesse corintiano apenas alvi-negro. Assim, passei boa parte da minha infância acompanhando as clássicas brigas entre este e o Palmeiras, e o Santos e o São Paulo. Acho que o timão é o clube que mais tem rivais. Todo jogo do Corinthians é um clássico. Até contra o Bahia, a gente sente uma pressão. É, porque não sei se vocês se lembram, mas o Bahia quebrou a invencibilidade do timão na série B de 2008, e é reconhecido o trabalho que nossos Baêas dão para o clube paulista.
Mas, foi assim, como em 99% dos lares que nasceu a minha paixão pelo futebol. Na verdade talvez eu possa falar, no máximo em interesse. Paixão mesmo é a minha irmã mais velha. Ela, sim, é roxa. Eu tenho aquela paixãozinha descarada e um grande interesse de pesquisadora. Minha irmão, passa mal, não assiste jogo para não enfartar, veio a Feira de Santana para ver o timão dar o troco da partida que citei há pouco, torce pela Gaviões da Fiel e pela Vai-Vai no carnaval de São Paulo (e para ela, sempre que elas não ganham é lógico que foi roubo), tem álbum no orkut, tem camisa, quadro e tudo o mais e pega brigas memoráveis nas comunidades onde o assunto é o time do coração.
O pai é essa figura importante na definição do time para o qual vamos torcer. Isso já é assunto batido.
Mas podemos pensar nessa relação ao inverso. Na importância do futebol para a configuração da relação entre pais e filhos. A frase clássica de quando um homem tem um filho também homem é: vou poder levar ao estádio (apesar de cada vez mais as mulheres marcarem presença). É no futebol que - além dos preconceitos que se perpetuam, não sou ingênua para negar - a 'coisa' entre pai e filho vai se fortalecendo. A ida ao estádio, como um ritual de aprendizagem de relação com o mundo: a compra do padrão, a saída na hora certa, o enfrentamento do trânsito ou mesmo do busão lotado, o comportamento dentro do estádio, a possibilildade de entrar com o craque, a compra do lanche, a torcida, o grito de gol, o respeito pelo vencedor nos casos de derrota, o bom senso para esperar a melhor hora de sair do estádio. Simultaneamente, uma série de procedimentos sociais vai sendo transmitida, silencisoamente - ou no grito apaixonado - de pai para filho há gerações.
Tem ainda a formação, colocar o filho na escolinha ou acompanhar os babas na rua. A obsessão pela vitória, o papel de torcedor e de técnico do filho, quando é possível comentar a performance do filho, sugerindo melhoras ou criticando os erros. A escolha ou não pela decência no trato com o coleguinha, estimulando a convivência pacífica ou a guerra insana do vencer a qualquer custo. Boas ou más, muitas coisas são aprendidas na prática do futebol. A frase de Eduardo Galeano que não me canso de repetir: a culpa do crime nunca é da faca.
Sem mais delongas, até porque este assunto é mais batido que ovo para omelete, quero deixar aquele abraço apertado para meu paizão corintiano, para meu maridão, pai dos meus filhos - Baêa e torcer para que o bom senso e o respeito sejam as escolhas feitas na hora da prática do futebol. Sem sombra de dúvidas, estas escolhas feitas em campo, serão sempre refletidas nessa nossa partida diária.
FELIZ DIA DOS PAIS A TODOS.
É BOLADA, PAIZÃO!!!
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