quarta-feira, 16 de junho de 2010

FUTEBOL E MÍDIA - O jogo de cada um - Por George Matos*

Que o futebol mexe com os corações e mentes de muita gente todos sabem. Que o espetáculo é fascinante também é do conhecimento e sentimento de todos. Principalmente em época de copa do mundo e, mais ainda, quando se trata de Brasil, afinal este é o “país do futebol”. Nas praças, parques, bares e mesmo nos locais de trabalho não se fala outra coisa.

A mídia – jornais, televisão, rádio, etc - por sua vez, dá total cobertura ao evento, ocupando boa parte de suas páginas ou de seu tempo de transmissão produzindo “polêmicas” e discutindo futilidades, como, nesse ano, a questão do fazer ou não fazer sexo pelos jogadores, ou as promessas de Maradona de ficar nu caso a Seleção Argentina ganhasse, ou sobre as vuvuzelas. Esquecendo, muitas vezes, de assuntos mais importantes para a vida do brasileiro, como a discussão e a aprovação do novo marco regulatório para a exploração do petróleo brasileiro. Ou mesmo de assuntos ligados ao futebol que realmente são de interesse público, como os negócios e as cifras geradas pela “indústria do esporte”, que explica as reportagens e notícias que aparecem nos telejornais e jornais e que muitas vezes não conseguimos entender.

Quando tratou da “polêmica” em torno da bola oficial que será utilizada no mundial, a imprensa nacional foi bastante superficial, noticiou apenas a “insatisfação” de alguns jogadores em relação ao objeto de disputa nas partidas. Silenciou-se ou escondeu-se o verdadeiro motivo em torno da referida “polêmica” que era o fato da disputa comercial entre a Nike e a Adidas, que utilizaram seus “garotos propagandas” para atacarem, no caso daquela, ou defenderem, no caso desta.

Outro ponto que a mídia nativa silencia é o fato da produção da famosa jabulani está ligada ao trabalho aviltante. A Índia e o Paquistão são os maiores fabricantes de bolas de futebol do mundo. Conquistaram esta posição por causa do trabalho semi-escravo de famílias pobres. Os intermediários fornecem às famílias o material: pedaços de couro, agulhas e linha. Mulheres e crianças ganham entre 55 e 63 rupias paquistanesas por bola costurada, o que corresponde entre U$$ 0,65 a U$$ 0,75, ou entre R$ 1,17 e R$ 1,35. Num dia normal de trabalho, com jornada de 8 horas, o trabalhador consegue fazer até seis bolas, o que lhe permite uma renda de cerca de R$ 205/mês.

Mais um tema que foi mantido na sombra e que, provavelmente não virá à tona, e, se vier, só acontecerá quando terminar a festa de encerramento do campeonato e, mesmo assim, de forma superficial, é o volume de dinheiro gerado e movimentado pelo evento, bem como os lucros auferidos pelos agentes envolvidos. Enquanto os torcedores do Brasil e do mundo alimentam o sonho de um dia participar desse megaevento, onde esse esporte, com sua magia, é a principal atração, nos bastidores, toda emoção é administrada em escritórios, por executivos que estão, unicamente, pensando nos cifrões

Estima-se que a Copa da África do Sul vai produzir um impacto econômico da ordem de 12 bilhões de dólares, em todo o mundo. Sendo que a FIFA, produtora do evento, irá faturar em torno de 3,2 bilhões de dólares, advindos basicamente da cessão de transmissão do evento para a TV e do marketing, tendo um lucro líquido de mais de 2 bilhões de dólares, pois investiu pouco mais de 1 bilhão de dólares. Quem menos vai ganhar são os Sul- Africanos, haja vista as receitas dificilmente superem os investimentos, que foram da ordem de 7,5 bilhões de dólares em 5 anos.

Como a próxima Copa do Mundo será realizada aqui no Brasil e o futebol tornou-se uma indústria bilionária, cujos interesses não estão nas arquibancadas, mas nas contas bancárias e a imprensa passou a fazer parte dessa indústria, é bom que fiquemos de olho nos gastos públicos e façamos uma leitura crítica da cobertura esportiva, tentando desvendar os interesses, sobretudo econômicos, que estão por trás. O Brasil só sairá lucrando com a copa de 2014, se os investimentos sejam no sentido de intervenções nas cidades sedes para melhoria das condições de vida dos habitantes, mormente nas áreas de saneamento, transporte público, trânsito, segurança, esporte, lazer e geração de emprego e renda.

* George Matos é um amigo de longas datas que entende de futebol, política e um bocado de coisa.

Um comentário:

  1. Ola Profi...ª rsr e saudações tricolores!!
    adorei o blog da senhora muito show mesmo, como a senhora, super alto astral, rsrsrs um grande abraço... p.s: amei o comentario sobre o ultimo mestre do ar, ainda não tive o prazer de assistir no cinema,mais ja havia assistido aqui em casa pelo megacubo,pena que foi legendado,mais é tão espetacular e fiel ao desenho que assistir mais de 5 vezes e acredito que irei assistir hoje de novo...rsrs bem bjss no coração e um lindo domingo......... eita quase não me identifiquei rsrs sou o Valterci da turma de Design de moda. xau........

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