domingo, 23 de maio de 2010

Ficando velhos, ficando sérios...

Às vezes me assusto como ocupo alguns lugares, como sou tratada de forma diferente da que estava habituada até agora. Quando me chamam de "professora" "a senhora", ou quando me vejo estudando para um concurso público federal, eu me espanto e só uma resposta me bate à porta: ESTOU ENVELHECENDO!

Isso é bom. Às vezes dói, mas no fundo é bom! É bom porque a gente vai virando outra pessoa. Já não dou escândalos por qualquer coisa e já consigo ficar numa mesa de bar sem precisar falar o tempo todo. Descobri - finalmente - depois dos trinta que ouvir também é bom.

Percebo que quando digo alguma coisa as pessoas levam mais a sério e o que antes era pura provocação de menina, pode ser agora uma reflexão importante de uma mulher madura.

Mas, como disse o tio de Peter Parker (o homem aranha): "grandes poderes, grandes responsabillidades."

Sinto que o tempo está passando e que essa idade depois dos trinta te dá um lugar do qual a gente tem a obrigação de usar para aquilo que a gente acredita. Senão, não faz muito sentido conquistar lugares e direitos se eles servirem apenas para auto-admiração. É hora de fazer algo!

Assim, como atriz, professora, blogueira, pesquisadora, mãe, consultora (não da AVON, isso foi aos treze anos!) é preciso estar sempre em serviço. Porque temos admiradores e pessoas que lêem e traduzem até mesmo uma singela piscadela que a gente dá. É preciso fortalecer aqueles que esperam da gente uma palavra de coragem, um estímulo, um empurrãozinho ou mesmo um empurrãozão. Às vezes, a gente se repete, mas o outro muda e ele é importante, porque no fundo, no fundo, ele sou eu.

Isso tudo pra dizer que meu grande amigo de vinte anos está fazendo sua tarefinha de casa, de menino que foi preparado para intervir, para fazer valer, para transformar. Descobrimos juntos que o mundo é feito de pessoas, pelas pessoas, para as pessoas. Derrubamos o mito dos mitos, dos heróis irreais e sabemos que todos somos capazes de nos transformamos naquele que outrora foi nosso grande referencial, nosso mestre, nosso guia. Aquele que fez de sua vida, uma luta pelo bem estar de todos. Mas descobrimos também que a luta é braba, o inimigo real e feroz e que é preciso conhecer bem suas armas, nossas armas, seus discursos, práticas e princípcios, para que possamos sempre diferenciar e fortalecer nossa batalha.

Tá uma fala meio elo perdido, né, mas é justamente disso que eu tô falando. De ter certeza de que o que se faz e o que se diz é de importância fundamental. Uma das estratégias recorrentes é dizer que não há luta, que não há lados, que isso é um discurso perdido lá no fim dos anos 70. Mas não é. Muitos direitos humanos são desrespeitados diariamente e é preciso - e possível - lutar por eles, garantir que sejam garantidos, me perdoem o jogo de linguagem.

Este menino grande já fez de um tudo. Até na tv o danado apareceu. E ficou famoso. Já briguei com ele, porque eu disse que a artista da relação era eu e o famoso foi ele, mas já resolvemos este impasse, com muita cerveja, gargalhadas, lembranças do passado e projetos de futuro.

Agora o tal é candidato a deputado federal. Pelo Rio de Janeiro. Pelo PSol. Não vou poder votar nele, mas isso não quer dizer que estarei de fora de mais esta empreitada.

É muito bom ver um amigo, uma parte de mim que está fazendo aquilo que eu gostaria de estar e que de alguma maneira estou. Nossos amigos são esse "nós" espichado onde não dá pra estar todo o tempo. E fazemos de grupos de amigo um eu bem grande que trabalha forte para construir aquele futuro que a gente sonhou longos anos atrás.

Sei que os sonhos de menino estão com ele. Quando tenho questões importantes para decidir penso: o que a Adriana da Fundação José Carvalho faria? Aquela Adriana sou eu. E sempre será eu, porque era feita de sonhos. Sem certezas. Sem rancores. Com história breve e futuro promissor. Sem saber quase nada, queria engolir o mundo. E esta sempre será minha eu preferida. Gosto da eu hoje, mas sei que ela está cansada, um pouco viciada, apegada a algumas certezinhas, com medinho de tantas dúvidas. Aflita por não saber quem é, como se fosse possível sabê-lo um dia. A Adriana da Fundação não sabia, mas não sabia que não sabia, porque isso nem se quer havia se perguntado.

Vai, menino deputado. Vence esse trem dessa eleição e luta num lugar porreta por isso que estamos lutando toda hora, no dia-a-dia. Eu e você. Todos nós amigos e desconhecidos. Vence porque a diversidade me parece ameaçada e alguns discursos e práticas me assustam. Vence porque às vezes precisamos dessa figura forte e totêmica para acordar os que cochilam. Vence porque a gente merece sua lucidez, sua inteligência, sua vanguardisse, sua bondade e sua meninice. Vence! E faça la differánce (SIC, em homenagem a Rodrigo Dourado!)!

Leia entevista sobre sua candidatura:

11 comentários:

  1. Amada, amiga, eu estou tão emocionado. E tão saudoso! Eu te amo! Jean.

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  2. Lindas palavras... Me identifiquei muito com as primeiras linhas. Me sinto como vc. Um abraço e merda para todos os sujeitos do seu texto! Jogue duro Jean!
    Mara Rocha.

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  3. Diana,
    Adorei! E também me emocionei.
    Em especial quando fala sobre perguntar "o que a Adriana da Fundação José Carvalho faria", essa frase foi uma das que estão me provocando desde nosso último encontro, me fazendo ebulir... Sábias palavras... como aquelas que dizem que as vezes jogamos a criança junto com a água da bacia. Não dá, né? :)
    Obrigada mais uma vez,
    Beijos e Sucesso sempre pra você...
    ...e pra Jean, claro!
    PS.: Heron foi pra Pituaçu na sexta e chegou contando a emoção de ter ficado na torcida que sobe aquela bandeira enooorme. Disse que no próximo jogo vai levar Jerônimo, nesse dia estarei dopada pra não infartar, afff morro de medo, prefiro leva-lo ao teatro :D

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  4. Gostei muito do texto, me prendeu do inicio ao fim, sempre leio materias relacionadas ao Jean e sempre tenho esse estimulo quando vejo o nome dele, talvez o tenha como conduta etica e moral a seguir. com certeza o Jean será exemplo na politica. ahh Adriana parabens por nao fazer sensacionalismo o texto está excelente, de boa leitura. Grande abraço para os dois! Anderson Mota Aracaju-SE

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  5. Eu ainda não cheguei aos trinta, mas me identifiquei muito com seus questionamentos e com sua auto-reflexão. Coisas da vida e de quem, de repente amadurece.
    Belas palavras de um coração grande e generoso.

    Arrasou amiga.
    Felicidades e que venham os proximos trinta, sessenta, cento e vinte...

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  6. ...já li hoje sim!
    ...soube através de amigos semana passada que jean iria se candidatar a deputado federal no rj, ontem entrei em seu blog e li suas reflexões. Confesso que fiquei "assustada", a informação ainda não foi digerida, não sei nem o que dizer.rss ...É como você diz no texto "ouvir também é bom", também não poderei votar nele, sou uma carioca que vota em salvador e não conheço a visão política dele, mas acredito em seu intelecto e creio que ele tem boas chances, a iniciativa dele é interessante, vamos ver no que vai dar...e"Vai, menino deputado".
    ...não sei se vc lembra, o adriano castro chegou a se candidatar na eleição anterior, foi pelo democratas.
    ...enfim...é sempre bom ouvir novas energias, não somente partir pro tudo ou nada.
    beijão

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  7. Drica querida,
    nao imagina que a esta hora da manha iria me emocionar e sair de casa olhando as pessoas, os carros, a vida de outro jeito... do jeito que olho sempre, mas com certeza hoje serà com mais cuidado. Obrigado sempre por me mostrar belezas e certezas e duvidas e desafios.
    Obrigado!
    Bira.

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  8. Parabéns pela nova cara do blog. Gostei bastante!

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  9. Adorei! Vamos ficar na torcida para Jean.
    Beijos e sucesso!

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  10. Nossa, Drica! Como as suas primeiras palavras me fizeram me identificar tanto com você... Eu cá, nos meus 25 anos tentando compreender um pouco do mistério do universo e dentro dele tantando também me ver, me enxergar, me compreender... Gostaria de passar por essas dúvidas, essas incertezas, essas angústias só mais tarde, lá perto dos trinta... Mas não, aqui estou eu, no meio de um caminho ainda cheios de pedras, a tentar me equilibrar dentro deste mundo que é tão lindo mas também tão assustador...
    Suas palavras me deixaram mais tranquilas por que pude ver que não apenas eu, uma menina de 20 e poucos anos tão cheia de medos, desejos e vontades, mas uma mulher, que também é mãe, esposa, professora, pesquisadora, trabalhadora, senhora, menina e ser humano ainda está também na sua busca... E isto é tão lindo, isto é maravilhoso...

    Parabéns, Drica!
    Sou sua fã.

    beijos.

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