domingo, 1 de maio de 2011

ERA UMA VEZ UM ESPETÁCULO QUE MUDAVA OS FINAIS... (OU AS FINAIS...)

Em homenagem a Dayse Andrade que me cutucou a escrever.


Num dos muitos trechos polêmicos da minha dissertação, eu briguei muito com meu orientador porque eu insistia que na dramaturgia do Futebol, o final era sempre imprevisível, não se sabia qual seria, ao contrário do Teatro a que estamos acostumados. Ele insistia que não, que contemporaneamente os finais eram inesperados e cada espetáculo poderia fazer o que quisesse com o texto que por ventura tenha servido de base à montagem. Mas eu insistia que Macbeth sempre ia matar o Rei, que Romeu e Julieta iam morrer, que João Grilo voltava da morte e era mais ou menos disso que eu falava.

Em termos de dramaturgia, no Teatro o final é fechado, posto que anterior á encenação e por isso passível de ser conhecido e no Futebol não. Lá na dissertação, que você pode conferir aqui eu chamo isso de DRAMATURGIA DA LEITURA, onde a dramaturgia sempre será posterior à cena, posto que se constrói em cena e na recepção, inevitavelmente.

O que eu queria dizer com isso? Que cada fim de partida, campeonato ou temporada era uma novidade. Mas os times da Bahia (os de Salvador, para ser mais precisa) resolveram me boicotar. E eis que todo ano agora é como se fosse mais uma montagem do Núcleo de Futebol da Bahia: o mesmo enredo, a mesma curva dramática, o mesmo final (para mim, trágico, obviamente!!!)

Desde 2009 que o Bahia vai para a decisão (apenas neste ano em semi-final, nos outros anos era na final), precisando vencer do Vitória, o Vitória amplia a vantagem no primeiro jogo, o Bahia vai precisando vencer de dois gols de diferença e só faz um. O famoso, ganha mas não leva.

Caramba, a mesma coisa. Hoje me deu tanta raiva, que eu achava melhor era ter perdido feio. Quando Marconi fez aquele gol, eu juro que não esperava. Nem tava vendo o jogo e de repente, o jogo mal havia começado e era gol do Bahia. Eu, que já desisti de passar por esse pedacinho, fui para o quarto e tentava - em vão - não pensar no jogo. Mas, meus vizinhos rubro-negros não me deixavam esquecer a tragédia que se anunciava. Então, eu ficava entre a arrumação do quarto, o jogo do Serrano, do Corinthians e - mais esquecidinho - do Flamengo. Só clássico!!!

E eis que como nos clássicos do Teatro, o final foi o mesmo. O Corinthians, meu timão, venceu o Palmeiras, em cobranças de pênaltis perfeitas (por isso mesmo, menos emocionantes). O Flamengo venceu o Vasco, e como um resultado clássico, o Bahia venceu o Vitória no Barradão.




Venceu, mas não levou.

Não levou, mas venceu!!!

Eu fico muito triste com esse resultado, porque sou Bahia, claro, mas também porque eu acho uma profunda falta de respeito dos dirigentes do Bahia deixarem a torcida sofrer assim. Não era pra ser assim. Uma torcida linda, histórica, assim, calada, numa triste noite chuvosa de feriado. Dia do Trabalhador e o peão triste, coitado, porque seu tricolor novamente não levou o Baianão. Fiquei só lembro de Seu Bira, da Voz do Campeão. Coitadinho. Ia ser tão bom tirar o Vitória da final. Eu acho que nem precisava ganhar o campeonato, só tirar a possibilidade do penta do inimigo já tava bom. E a cidade num silêncio. É assim, domingo em que o Bahia não leva a melhor.

Ai... (suspiro)

Só me resta parabenizar os rubro-negros baianos pela garra e determinação. Não é também nenhum grande time, não, mas fez sua tarefa e arrasou os adversários durante todo o campeonato. Que os jogadores e a direção do Bahia tomem vergonha na cara e respeitem o nome do nosso time campeão.

Quero só ver qual vai ser a dramaturgia da série A. Ao que parece vai ser puro drama, porque estamos sofrendo desde já. Mas,como toda boa dramaturgia tem uma peripércia, vai que nosso Bahia surpreende!!!

É esperar para ver. Mas esperar, não como platéia de Teatro, sentado e refém. Esperar como torcedor de Futebol: ativo, militante, raivoso.

A propósito: Sou Bahia de Feira desde pequeneninha...

É bolada, espectador tricolor!!!

4 comentários:

  1. Drica

    Ouvi um comentário semana passada que concordei em gênero, número e grau: Nem Bahia, nem Vitória.Infelizmente a torcida futebolística baiana não possui os times à altura de sua devoção.

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  2. Numa altura dessas do campeonato, eu torço de verdade, para que outro time ganhe!!!! Essas decisões da todas tomadas previamente so mostram um futebolzinho de quin-tal!
    Os times do interior mostram uma garra sem tamanho pra tentar chegar la....mas sempre sobram na boca do leão ou do super-mam! Acredito eu que por uma decisão maior:dinheiro! Nao acredito mais no futebol-espetaculo!Infelizmente,esse ja acabou!

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  3. Ps:. feliz pela vitória do Vitória! E por zoar com toda a torcida do Bahia! Drica, desculpa, mas eh verdade!

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  4. Sempre bom receber um rubro-negro. É sinal que eu ainda consigo manter o bom senso... Eu também acho que os times do interior acabam esbarrando na coisa do dinheiro. A gente tira pela vergonha em 2008 que o Vitória da Conqista e o Itabuna se entregaram vergonhosamente. Também acho que a magia do futebol como espetáculo está dando lugar para o futebol indústria, mas quero crer que ainda há coisas a serem salvas, ou mantidas. Tem ainda um troço nesse jogo que é muito humano. E talvez por estarmos disperdiçando nossa humanidade com questões medidas por dinheiro, o futebol ficou como nós: torpe e vazio. Como mudar o futebol? Mudando o ser-humano. Isso dá um post, viu Mila... Ah, sobre sua felicidade: não se desculpe: Curta!!! Afinal, lá vem uma segundona, né, mãe... rsrsrs (perde-se o amigo, mas não se perde a piada). Te adoro!

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