segunda-feira, 30 de maio de 2011

UMA TORCIDA ARTILHEIRA

Gente, gente.

A vida está uma loucura lá pras bandas do http://www.artedoespectador.blogpsot.com/

Bem que Jesus avisou que em tendo dois deuses, num momento você abandona um para cuidar de outro.

E fora o blog, tem todas aquelas questões políticas e cotidianas no facebook, orkut e twitter.

As loucuras de Dona Dilma Roussef com esses estúpidos religiosos fundamentalistas. Porra, Dona Dilma!!!
Os desmandos do governador-vaidoso que só pavão, Jacques Wagner.
A inconpetência retumbante de João Henrique.
A estréia de Piratas do Caribe...
A pesquisa de doutorado (cá no fim da lista. rsrsrs)

Enfim, muita coisa para essa mãe-professora (em greve), pesquisadora-cozinheira-lavadeira de roupa que não pode ir pra máquina...

Mas, nada, absolutamente nada pode me impedir de comentar o jogo de ontem, né...



Torcida começa a lotar o caldeirão de aço - Richard Souza - Correio da Bahia
 Os insuportáveis repórteres-comentaristas-garotos-propaganda de tudo que puder ser anunciado naquele chato daquele programa da Bandeirantes já estavam fazendo bolão para ver se o Flamengo ia dar 4 ou 6 a zero no meu tricolor. Afi, que aquilo foi enchendo a gente... O Gaúcho (porque Ronaldo só tem um), reservou boate e tudo mais para comemorar a suposta vitória (argh).

Mas esse povo deve achar que tá fazendo é novela e não futebol. Certos de que sabiam o final, já tinham como certo não apenas a vitória (argh) do Flamengo, mas também a lavada.

Lavada?

Lavada ficou a alma do tricolor quando o Bahia fez o primeiro gol! Eu fico só imaginando a coisa linda que deve ter sido Pituaçu, porque eu não pude ir. Quando tentei comprar ingresso, já era até piada, não tinha nem pra remédio.

A cidade era tricolor geral! Que torcida linda, gente. Vai enfrentar um monstro do futebol brasileiro, sabendo que seu time tá daquele jeito que a gente não queria, mas ainda assim, veste sua camisa, hasteia suas bandeiras, coloca seus bonés, adorna sua janela, tudo para fazer parte da grande festa do futebol Baêano.

E eu digo, quem ganhou esse empate foi a torcida tricolor. Penso se Aristóteles estivesse vivo, ele ia ficar no meio da torcida gritando: CATARSE! CATARSE!

Porque foi isso que aconteceu em Pituaçu ontem. Pense a torcida tomando a virada do Flamengo. TERROR E MISÉRIA!

Agora, pense o torcedor do Bahia, acostumado a tomar gol, coitado, nos últimos minutos, fazer o gol de empate aos 44,quando o Flamengo já julgava o jogo ganho. PAIXÃO E ÊXTASE! Meu pai. Eu imagino o que foi aquele caldeirão.

E eu, que estava trabalhando no teatro, fazendo a cobertura de dois espetáculos no mesmo dia, acompanhava, enlouquecida, com as informações de Alam, que discretamente acompanhava o jogo pelo fone, mesmo fotogranfando o espetáculo. Quando o Flamengo virou, a gente desligou o rádio. Nada de tristeza. E qual não foi nossa surpresa quando a gente foi ouvir os comentários e soube que o nosso tricolor tinha empatado. Afi... parece quen não sabe o que é futebol...

Agora, é torcer - mesmo - para que este elenco novo de fato faça o campeonato como fez o jogo de ontem: com fibra, com sangue no olho, com vontade de ganhar. Quando o jogo for fora, fecha os olhos e pensa que a gente, a grande nação tricolor, está ali, de coração, em frente às TVs e coladinha nos rádios, vibrando, vestindo a camisa, beijando a bandeira e tabelando com o time para que seja um belo retorno à série A, como o Bahia merece, como o Bahia pode fazer.


O Flamengo se deu conta, ontem, de que sua torcida é grande, é linda, mas não é a única e que com Nordestino, meu pai, o buraco é mais em baixo...


É BOLADA, TRICOLOR DE AÇO!!!

sábado, 21 de maio de 2011

MAPA DE OPORTUNIDADES PARA A COPA

Ontem estivemos num evento do SEBRAE e da FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, onde a intenção é mapear as possíveis oportunidades de geração de renda para Micro e Pequenas Empresas da área de cultura, relacionadas com a Copa do Mundo de 2014. Este evento está acontecendo em todas as cidades-sede.

O interessante é que estávamos lá os artistas, assim meio que perdidos, neste universo do empreendedorismo. Curiosamente havia muita gente de dança, algumas de teatro e umas poucas de música. Entre uma coisa e outra percebemos que as atividades culturais realmente têm um grande espaço a ser ocupado neste grande evento, que é ele mesmo, um evento cultural acima de tudo.

Ainda me incomoda ver as atividades culturais relacionadas diretamente ao turismo, não exatamente por estarem associadas, mas pelo fato de a cultura estar sempre subordinada ao turismo e a gente já lutou tanto para separar uma coisa da outra. Mas, enfim, quando vamos discurtir, percebemos que esta relação é real e que deve ser encarada de frente.

Não estou com muito gás para falar tudo que penso sobre a Copa do Mundo no Brasil, em Salvador, sobre minha querida Conquista ser candidata a sub-sede, ou mesmo sobre salário de professores e futebol. Sei que preciso entrar nestas questões o quanto antes, mas agora, realmente, estou sem gás. Fica o compromisso. Blog tem que ser com prazer, né, gente, se não não dá.


Quero apenas registrar que a COOPERATIVA BAIANA DE TEATRO tá na briga para ocupar importantes espaços na produção teatral de Salvador. Fazemos teatro muito bem, precisamos nos tornar empreendedores, competitivos e não tem tempo melhor para fazermos isso do que na preparação da Copa do Mundo. Grandes produtoras, grandes diretore, abram espaço que a Cooperativa Baiana de Teatro tá em campo para jogar de igual para igual.

É bolada, empreendedor!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

MEU ÍDOLO ESTÁ NO BANCO


O primeiro sintoma foi deixar de sofrer quando era jogo do Corinthians. Dizia que aquilo já não lhe fazia mais tanto sentido:

"Tanto faz..."

Aos poucos, nem sabia mais se o timão estava jogando ou se passava Faustão.

Entra tantas densas baforadas, cinzas, pesadas e cruéis, seus olhos foram ficando acinzentados como a nuvem constante que o acompanha, sempre do lado de fora da casa, buscando incomodar o menos possível.

O cabelo, cinza também. Ralo e cinza. A pele perdendo seu vigor, a coluna desistindo a cada dia. As pernas, uma puxando a outra. Uma mão no bolso, outra no cigarro e lá vai ele calmamente pelas ruas largas do Guigó. Mas, o mais eloquente, sempre foi o olhar.



Nosso país não sabe o que fazer com seus velhos. Eles saem do mercado de trabalho e desaparecem sem sumir. Sem função. Sem projeto. Sem desafio. Depois de quase meio século trabalhando, tendo enfrentado pau-de-arara da Bahia a São Paulo. De pedreiro a zelador. De garanhão a pai maduro. Nada disso parece garantir uma velhice plena, feliz ou animada. Zumbis, viram os homens de outrora.

Os conflitos pipocam e de repente, só a monstra fumaça cinza. "Meu amigo" como ele insiste.

A presença das filhas e netos é constante, mas não aplaca a solidão.

Voltar para o mato, para o seio da família, para o verde e o azul da roça, onde cantam passarinhos e cacarejam as galinhas, talvez traga paz à alma. E o olhar, um portal do passado. Quanta recordação.

Eu não entendo meus sentimentos. Minha compreensão e força súbitas. Meu silêncio e meu suspiro. Minha vontade de acertar. Meu otimismo talvez bobo e infundado, talvez certo e decisivo.

Não sei de nada, não quero nada. Existo e amo e só isso me basta.

Quando rezo, peço qualquer coisa, peço o que seja bom, sem saber o que isso é. Mas rezo e sempre adormeço no terço. Sono bom.

Não vejo nem sinto nada com clareza, nessa nuvem espessa, cinza e cruel.



Essa fumaça inimiga que cerca e vence, sempre vence.

Mas, só ele sabe de si. De seus dias de glória e de seus dias de banco. Respeito suas decisões e seus apegos. Não sou moralista. Não aconselho. Não dou sermões. Escolha seus amigos. Escolha suas formas. Escolha suas saídas. Ao menos isso deve restar a um homem.

Na base, outro pequeno homem se prepara. O jogo não pára. E eu no meio, cercada desses incríveis homens maravilhosos que me ensinam e me completam. No mês das mães, noivas e marias, louvo os homens da minha vida e seguro a mão do meu ídolo sentado no banco.



ÁRVORE DA ESPERANÇA! MANTÉM-TE FIRME! (Frida Kahlo)

domingo, 8 de maio de 2011

DE MENINOS E DE 'LOBAS' - Iniciação de um garoto e recordações feministas

Eu sei que hoje começam as finais do Campeonato Baiano e o que se espera de um blog sério sobre futebol é que este seja o assunto. Mas já que tem blog sério demais falando sobre o assunto e ele literalmente não me inclui, vou falar das delícias de ser Bahia, mesmo sem título estadual há dez anos. Com essa dor a gente convive e um dia ela passa. Pior era estar na Série B.

Patrícia Pires Pacheco, a nossa adorada PPP, é amiga de longas datas. Ainda não é loba, mas eu precisava de um título, né... E como hoje é dia das mães, publico aqui seu depoimento emocionado, sobre suas recordações feministíscas sobre o futebol e sobre a iniciação de seu filho macho Bahêa no ritual do futebol. De quebra, umas palavrinhas saudosistas do papai de Jerônimo, mais uma baêazinho retado.

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Eu não gosto de futebol.


Mas já foi pior... até pouco tempo atrás eu odiava futebol.

Na infância acho que meu desgosto era um tipo de solidariedade à minha mãe que até hoje acha o futebol uma grande besteira. E assim, mesmo durante as tais copas do mundo eu e ela não estávamos nem aí. Além disso, eu sempre associei o esporte à violência, rivalidade, competição, conflito, palavrões e essas coisas não levam ninguém pro céu... Por que eu fazia essas associações? Talvez pelos tipos de cenas que eu observava na TV, ou quem sabe pelas vezes em que meu pai voltava (e ainda volta) machucado do babas domingueiros.


Comunidade do baba domingueiro promovido por meu pai.

http://www.orkut.com.br/Community?cmm=90115380

Pra fechar minha birra, tem também aquela coisa que futebol “não é coisa de menina”, né... e já que, por isso, não me queriam lá eu também não fazia questão.

Mais crescidinha, entre a adolescência e a vida adulta eu até tentei não ser tão rígida... me vestia de verde-amarelo na copa, me deixava contaminar pela alegria do povo, tentava entender as regras e coisa e tal mas... nada.


Acho que meu “ódeo” começou a perder força quando passei a acompanhar o programa ROCKGOL na MTV 

Gente, eu me divertia muito com aqueles comentaristas esdrúxulos, cômicos e inteligentes. Adorava!  

Daí, acho que comecei a relaxar, continuava sem gostar de futebol, mas ele não mais me irritava tanto. Junto com isso acredito que meus estudos durante a graduação em antropologia me fizeram ver aqueles aspectos culturais do esporte, os significados para o ser brasileiro e tal e coisa e coisa e tal. Sem contar que comecei a perder o medo de não ir pro céu e admitir que afinal “violência, rivalidade, competição, conflito, sangue, suor e lágrimas” é também coisa de deuses.


Fase 1 - Primeiro uniforme completo aos 3 anos.

Posso dizer que hoje o único engasgo que ainda permanece em mim, mesmo nesse âmbito da compreensão acadêmica do futebol como fenômeno sócio-cultural (uau!), é essa coisa do dito-cujo ser uma representação do universo machista. E sendo assim, penso que pior do que nós mulheres estarmos de fora dele é estarmos dentro mas em cantos determinados pra nós: ora como enfeites nas arquibancadas, ora no papel das chamadas “maria-chuteira”.


Mas, ranços feministas a parte, tem uma coisa que atualmente é responsável por essa minha (quase) simpatia por esse complexo cultural chamado futebol: a paixão da minha amiga querida Adriana Amorim. É lindo ver ela torcendo, se envolvendo , comentando, participando, analisando... E é tão interessante essa relação entre teatro e futebol e as dinâmicas entre espetáculo e espectador. Hoje, Diana é uma referência futebolística pra mim (rsrs), tanto que só lembrei dela quando eu e Heron fomos levar nosso filho de 5 anos para o seu ritual de iniciação no universo futebolístico – fase 2 - ir ao estádio (a fase 1 é vestir o uniforme completo e expor a criança para que todos saiba pra que time afinal ela torce, e a fase 3 é ir ao estádio em dia de clássico – que pretendo “liberar” daqui uns 10 anos...)


Infelizmente Diana não estava lá nesse dia, bem, nem ela nem quase ninguém já que escolhemos um jogo “morninho” só para gatos-pingados. Mesmo assim, cheguei tensa imaginando mil-maluquices-de-uma-mãe-neurótica que poderiam acontecer naquele espaço enoooorme, imponente, palco de espetáculos sangrentos... ops, isso eram nos coliseus rsrsrs

Chegamos cedo(bem cedo, na verdade), e achei lindo aquela bandeirona estendida do lado de fora.

Entramos e aprendi que antes de cada jogo tem um outro jogo(ninguém merece! rsrs) dos mesmos times só com jogadores aprendizes, não profissionais, de base ou coisa parecida.

E enquanto a bola oficial não rolava o pai aproveitou para levar o filho pra dar uma voltinha no estádio.

A partida de verdade rolou finalmente, era Bahia x Serrano. O pai se encarrega de explicar algumas coisas específicas do jogo e eu mostro pra ele um pouco dos bastidores como a repórter que vemos na TV, etc. Lá pelas tantas uma jogada infame do Bahia é seguida pelos esbravejos de alguns torcedores esbravejam e meu filho diz gritando: “Ô, não fala assim com o Bahia!” Todos riram do que ele ainda não aprendeu.

 
O jogo antes do jogo ou “se não guenta, pra que vêio!!”.

Aí então, já quase no final do primeiro tempo começou a chover. E foi aquele corre-corre danado, muda de lugar, se esconde nas barracas, mas não teve jeito, ficamos encharcados.

Mas tudo bem, não pode ter “batizado” sem água, né?

Começamos a assistir o segundo tempo mas o nosso pequeno iniciado - que já tinha visto tudo que tinha que ver, comido tudo que tinha que comer - já estava exausto e impaciente para ir embora. Para convencê-lo a esperar mais um pouco enquanto o pai debruçava seu olhar de esperança sob o campo, improvisei uma bola com uma garrafa de água mineral vazia e, acreditem, mãe e filho se divertiram muito trocando alguns passes. Por fim, para garantir a tranqüilidade de todo o rito, saímos pouco antes do fim do evento.

E foi assim Diana, a estréia de Jerônimo no estádio, espero que você e seus leitores gostem!

P.S.: Dedico esse texto ao meu pai, torcedor do Santos e que até hoje joga seu baba domingueiro.


P.S.2: Gente era só pra falar da estréia do meu filho e eu acabei fazendo um “Essa é a minha vida” falando de futebol... tá vendo só o poder do dito-cujo!

 
Não basta ser mãe, tem que vestir a camisa.
 
DEPOIMENTO DE HERON, O PAI



Filho mascarado e pai orgulhoso.

Bi,

Minhas memórias daquele dia são muito agradáveis. Foi a segunda vez que fomos juntos a um jogo do Bahêa, e desta vez com Jerônimo. Foi um dia onde tudo deu certo, desde o local do estacionamento, travessia da av.Paralela, compra de ingressos, lanches e bombons! O estádio estava calmo. Repeti com a nossa cria o ritual da apresentação ao futebol que recebi de meu pai. Assim como eu, ele fez um reconhecimento do espaço físico do estádio, da atitude e postura das pessoas, da energia da torcida, da sensação de ver o jogo ao vivo, de interpretar o placar eletrônico, etc. Viu Paulo Sergio com Dandan, também todo vestido de Bahêa. Adorou chamar os ambulantes mercando bombons, pipoca, água, sorvete, etc. Reagiu quando os próprios torcedores do Bahêa chingaram o time. Viu a carga viva de um gol do Bahêa, que ganhou o jogo!!

A chuva, que causou aquele reboliço inicial, acabou me levando ao prazer de reencontrar Davi, um antigo, e querido , colega de trabalho de meu pai, o qual tive o prazer de conviver quando fiz estágio na Petrobrás (em 1988), por 6 meses, no próprio ambiente de trabalho deles. Quando eu ainda era bebê, e tive uma virose, esse mesmo colega deu grande auxílio a meu pai nos levando a um hospital, numa época que meus pais ainda não possuíam automóvel. Foi profundamente emocionante reconhecê-lo ali na lanchonete do estádio, depois de ser (novamente) amparado por ele, para quem eu havia me prostrado de costas, e que só pude reconhecer quando me virei para agradecer o pequeno recuo que aquele cidadão havia dedicado a nós três, ali ao amparo da chuva. Coletei o número do celular dele e entreguei a meu pai, que emocionou-se juntamente com suas lembranças.


Já no final, encontrei Vavá, amigo, colega de especialização e de mestrado, que me comunicou da primeira gravidez de sua esposa, enquanto olhávamos você e Jerônimo brincando de futebol com uma garrafa de plástico.

Saímos antes do final do jogo. Uma saída tranqüila de volta pra casa. Enfim, foi um dia muito feliz mesmo!

bj,



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É bolada, mamãe-torcedora!

domingo, 1 de maio de 2011

ERA UMA VEZ UM ESPETÁCULO QUE MUDAVA OS FINAIS... (OU AS FINAIS...)

Em homenagem a Dayse Andrade que me cutucou a escrever.


Num dos muitos trechos polêmicos da minha dissertação, eu briguei muito com meu orientador porque eu insistia que na dramaturgia do Futebol, o final era sempre imprevisível, não se sabia qual seria, ao contrário do Teatro a que estamos acostumados. Ele insistia que não, que contemporaneamente os finais eram inesperados e cada espetáculo poderia fazer o que quisesse com o texto que por ventura tenha servido de base à montagem. Mas eu insistia que Macbeth sempre ia matar o Rei, que Romeu e Julieta iam morrer, que João Grilo voltava da morte e era mais ou menos disso que eu falava.

Em termos de dramaturgia, no Teatro o final é fechado, posto que anterior á encenação e por isso passível de ser conhecido e no Futebol não. Lá na dissertação, que você pode conferir aqui eu chamo isso de DRAMATURGIA DA LEITURA, onde a dramaturgia sempre será posterior à cena, posto que se constrói em cena e na recepção, inevitavelmente.

O que eu queria dizer com isso? Que cada fim de partida, campeonato ou temporada era uma novidade. Mas os times da Bahia (os de Salvador, para ser mais precisa) resolveram me boicotar. E eis que todo ano agora é como se fosse mais uma montagem do Núcleo de Futebol da Bahia: o mesmo enredo, a mesma curva dramática, o mesmo final (para mim, trágico, obviamente!!!)

Desde 2009 que o Bahia vai para a decisão (apenas neste ano em semi-final, nos outros anos era na final), precisando vencer do Vitória, o Vitória amplia a vantagem no primeiro jogo, o Bahia vai precisando vencer de dois gols de diferença e só faz um. O famoso, ganha mas não leva.

Caramba, a mesma coisa. Hoje me deu tanta raiva, que eu achava melhor era ter perdido feio. Quando Marconi fez aquele gol, eu juro que não esperava. Nem tava vendo o jogo e de repente, o jogo mal havia começado e era gol do Bahia. Eu, que já desisti de passar por esse pedacinho, fui para o quarto e tentava - em vão - não pensar no jogo. Mas, meus vizinhos rubro-negros não me deixavam esquecer a tragédia que se anunciava. Então, eu ficava entre a arrumação do quarto, o jogo do Serrano, do Corinthians e - mais esquecidinho - do Flamengo. Só clássico!!!

E eis que como nos clássicos do Teatro, o final foi o mesmo. O Corinthians, meu timão, venceu o Palmeiras, em cobranças de pênaltis perfeitas (por isso mesmo, menos emocionantes). O Flamengo venceu o Vasco, e como um resultado clássico, o Bahia venceu o Vitória no Barradão.




Venceu, mas não levou.

Não levou, mas venceu!!!

Eu fico muito triste com esse resultado, porque sou Bahia, claro, mas também porque eu acho uma profunda falta de respeito dos dirigentes do Bahia deixarem a torcida sofrer assim. Não era pra ser assim. Uma torcida linda, histórica, assim, calada, numa triste noite chuvosa de feriado. Dia do Trabalhador e o peão triste, coitado, porque seu tricolor novamente não levou o Baianão. Fiquei só lembro de Seu Bira, da Voz do Campeão. Coitadinho. Ia ser tão bom tirar o Vitória da final. Eu acho que nem precisava ganhar o campeonato, só tirar a possibilidade do penta do inimigo já tava bom. E a cidade num silêncio. É assim, domingo em que o Bahia não leva a melhor.

Ai... (suspiro)

Só me resta parabenizar os rubro-negros baianos pela garra e determinação. Não é também nenhum grande time, não, mas fez sua tarefa e arrasou os adversários durante todo o campeonato. Que os jogadores e a direção do Bahia tomem vergonha na cara e respeitem o nome do nosso time campeão.

Quero só ver qual vai ser a dramaturgia da série A. Ao que parece vai ser puro drama, porque estamos sofrendo desde já. Mas,como toda boa dramaturgia tem uma peripércia, vai que nosso Bahia surpreende!!!

É esperar para ver. Mas esperar, não como platéia de Teatro, sentado e refém. Esperar como torcedor de Futebol: ativo, militante, raivoso.

A propósito: Sou Bahia de Feira desde pequeneninha...

É bolada, espectador tricolor!!!