quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A carta aberta de juristas em defesa de Lula


Em uma democracia, todo poder emana do povo, que o exerce diretamente ou pela mediação de seus representantes eleitos por um processo eleitoral justo e representativo.

Em uma democracia, a manifestação do pensamento é livre. Em uma democracia as decisões populares são preservadas por instituições republicanas e isentas como o Judiciário, o Ministério Público, a imprensa livre, os movimentos populares, as organizações da sociedade civil, os sindicatos, dentre outras.

Estes valores democráticos, consagrados na Constituição da República de 1988, foram preservados e consolidados pelo atual governo.  Governo que jamais transigiu com o autoritarismo. Governo que não se deixou seduzir pela popularidade a ponto de macular as instituições democráticas. Governo cujo Presidente deixa seu cargo com 80% de aprovação popular sem tentar alterar casuisticamente a Constituição para buscar um novo mandato.

Governo que sempre escolheu para Chefe do Ministério Público Federal o primeiro de uma lista tríplice elaborada pela categoria e não alguém de seu convívio ou conveniência. Governo que estruturou a polícia federal, a Defensoria Pública, que apoiou a criação do Conselho Nacional de Justiça e a ampliação da democratização das instituições judiciais.

Nos últimos anos, com vigor, a liberdade de manifestação de idéias fluiu no País. Não houve um ato sequer do governo que limitasse a expressão do pensamento em sua plenitude.

Não se pode cunhar de autoritário um governo por fazer criticas a setores da imprensa ou a seus adversários, já que a própria crítica é direito de qualquer cidadão, inclusive do Presidente da República.

Estamos às vésperas das eleições para Presidente da República, dentre outros cargos. Eleições que concretizam os preceitos da democracia, sendo salutar que o processo eleitoral conte com a participação de todos.

Mas é lamentável que se queira negar ao Presidente da República o direito de, como cidadão, opinar, apoiar, manifestar-se sobre as próximas eleições. O direito de expressão é sagrado para todos imprensa, oposição, e qualquer cidadão. O Presidente da República, como qualquer cidadão, possui o direito de participar do processo político-eleitoral e, igualmente como qualquer cidadão, encontra-se submetido à jurisdição eleitoral. Não se vêem atentados à Constituição, tampouco às instituições, que exercem com liberdade a plenitude de suas atribuições.

Como disse Goffredo em sua célebre Carta: Ao povo é que compete tomar a decisão política fundamental, que irá determinar os lineamentos da paisagem jurídica que se deseja viver. Deixemos, pois, o povo tomar a decisão dentro de um processo eleitoral legítimo, dentro de um civilizado embate de idéias, sem desqualificações açodadas e superficiais, e com a participação de todos os brasileiros.

ADRIANO PILATTI - Professor da PUC-Rio
AIRTON SEELAENDER – Professor da UFSC
ALESSANDRO OCTAVIANI - Professor da USP
ALEXANDRE DA MAIA – Professor da UFPE
ALYSSON LEANDRO MASCARO – Professor da USP
ARTUR STAMFORD - Professor da UFPE
CELSO ANTONIO BANDEIRA DE MELLO – Professor Emérito da PUC-SP
CEZAR BRITTO – Advogado e ex-Presidente do Conselho Federal da OAB
CELSO SANCHEZ VILARDI – Advogado
CLÁUDIO PEREIRA DE SOUZA NETO – Advogado, Conselheiro Federal da OAB e Professor da UFF
DALMO DE ABREU DALLARI – Professor Emérito da USP
DAVI DE PAIVA COSTA TANGERINO – Professor da UFRJ
DIOGO R. COUTINHO – Professor da USP
ENZO BELLO – Professor da UFF
FÁBIO LEITE - Professor da PUC-Rio
FELIPE SANTA CRUZ – Advogado e Presidente da CAARJ
FERNANDO FACURY SCAFF – Professor da UFPA e da USP
FLÁVIO CROCCE CAETANO - Professor da PUC-SP
FRANCISCO GUIMARAENS – Professor da PUC-Rio
GILBERTO BERCOVICI – Professor Titular da USP
GISELE CITTADINO – Professora da PUC-Rio
GUSTAVO FERREIRA SANTOS – Professor da UFPE e da Universidade Católica de Pernambuco
GUSTAVO JUST – Professor da UFPE
HENRIQUE MAUES - Advogado e ex-Presidente do IAB
HOMERO JUNGER MAFRA – Advogado e Presidente da OAB-ES
IGOR TAMASAUSKAS - Advogado
JARBAS VASCONCELOS – Advogado e Presidente da OAB-PA
JAYME BENVENUTO - Professor e Diretor do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Católica de Pernambuco
JOÃO MAURÍCIO ADEODATO – Professor Titular da UFPE
JOÃO PAULO ALLAIN TEIXEIRA - Professor da UFPE e da Universidade Católica de Pernambuco
JOSÉ DIOGO BASTOS NETO – Advogado e ex-Presidente da Associação dos Advogados de São Paulo
JOSÉ FRANCISCO SIQUEIRA NETO - Professor Titular do Mackenzie
LENIO LUIZ STRECK - Professor Titular da UNISINOS
LUCIANA GRASSANO – Professora e Diretora da Faculdade de Direito da UFPE
LUÍS FERNANDO MASSONETTO - Professor da USP
LUÍS GUILHERME VIEIRA – Advogado
LUIZ ARMANDO BADIN – Advogado, Doutor pela USP e ex-Secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça
LUIZ EDSON FACHIN - Professor Titular da UFPR
MARCELLO OLIVEIRA – Professor da PUC-Rio
MARCELO CATTONI – Professor da UFMG
MARCELO LABANCA – Professor da Universidade Católica de Pernambuco
MÁRCIA NINA BERNARDES – Professora da PUC-Rio
MARCIO THOMAZ BASTOS – Advogado
MARCIO VASCONCELLOS DINIZ – Professor e Vice-Diretor da Faculdade de Direito da UFC
MARCOS CHIAPARINI - Advogado
MARIO DE ANDRADE MACIEIRA – Advogado e Presidente da OAB-MA
MÁRIO G. SCHAPIRO - Mestre e Doutor pela USP e Professor Universitário

MARTONIO MONT’ALVERNE BARRETO LIMA - Procurador-Geral do Município de Fortaleza e Professor da UNIFOR
MILTON JORDÃO – Advogado e Conselheiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
NEWTON DE MENEZES ALBUQUERQUE - Professor da UFC e da UNIFOR
PAULO DE MENEZES ALBUQUERQUE – Professor da UFC e da UNIFOR
PIERPAOLO CRUZ BOTTINI - Professor da USP
RAYMUNDO JULIANO FEITOSA – Professor da UFPE
REGINA COELI SOARES - Professora da PUC-Rio
RICARDO MARCELO FONSECA – Professor e Diretor da Faculdade de Direito da UFPR
RICARDO PEREIRA LIRA – Professor Emérito da UERJ
ROBERTO CALDAS - Advogado
ROGÉRIO FAVRETO – ex-Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça
RONALDO CRAMER – Professor da PUC-Rio
SERGIO RENAULT – Advogado e ex-Secretário da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça
SÉRGIO SALOMÃO SHECAIRA - Professor Titular da USP
THULA RAFAELLA PIRES - Professora da PUC-Rio
WADIH NEMER DAMOUS FILHO – Advogado e Presidente da OAB-RJ
WALBER MOURA AGRA – Professor da Universidade Católica de Pernambuco

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A MIDIA COMERCIAL EM GUERRA CONTRA LULA E DILMA


Leonardo Boff*
Fonte: http://colunistas.ig.com.br/ricardokotscho/2010/09/24/animos-se-acalmam-a-8-dias-da-eleicao/


Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o “silêncio obsequioso” pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o “Brasil Nunca Mais” onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida, me avaliza fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de idéias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa.

Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de 
fatos, a distorção e a mentira direta.

Precisamos dar o nome a esta mídia comercial. São famílias que, quando vêem seus interesses comerciais e ideológicos contrariados, se comportam como “famiglia” mafiosa. São donos privados que pretendem falar para todo Brasil e manter sob tutela a assim chamada opinião pública.

São os donos do Estado de São Paulo, da Folha de São Paulo, de O Globo, da revista Veja, em que se instalou a razão cínica e o que há de mais falso e chulo da imprensa brasileira. Estes estão a serviço de um bloco histórico, assentado sobre o capital que sempre explorou o povo e que não aceita um Presidente que vem deste povo. Mais que informar e fornecer material para a discussão pública, pois essa é a missão da imprensa, esta mídia empresarial se comporta como um feroz partido de oposição.

Na sua fúria, quais desesperados e inapelavelmente derrotados, seus donos, editorialistas e analistas não têm o mínimo  respeito devido  à mais alta autoridade do país, ao Presidente Lula. Nele vêem apenas um peão a ser tratado com o chicote da palavra que humilha.

Mas há um fato que eles não conseguem digerir em seu estômago elitista. Custa-lhes aceitar que um operário, nordestino, sobrevivente da grande tribulação dos filhos da pobreza, chegasse a ser Presidente. Este lugar, a Presidência, assim pensam, cabe a eles, os ilustrados, os articulados com o mundo, embora não consigam se livrar do complexo de vira-latas, pois se sentem meramente menores e associados ao grande jogo mundial. Para eles, o lugar do peão é na fábrica produzindo.

Como o mostrou o grande historiador José Honório Rodrigues (Conciliação e Reforma)a maioria dominante, conservadora ou liberal, foi sempre alienada, antiprogresssita, antinacional e não contemporânea. A liderança nunca se reconciliou com o povo. Nunca viu nele uma criatura de Deus, nunca o reconheceu, pois gostaria que ele fosse o que não é. Nunca viu suas virtudes nem admirou seus serviços ao país, chamou-o de tudo,  Jeca Tatu, negou seus direitos, arrasou sua vida e logo que o viu crescer ela lhe negou, pouco a pouco, sua aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que contiua achando que lhe pertence (p.16)”.

Pois esse é o sentido da guerra que movem contra Lula. É uma guerra contra os pobres que estão se libertando. Eles não temem o pobre submisso. Eles têm pavor do pobre que pensa, que fala, que progride e que faz uma trajetória ascendente como Lula.

Trata-se, como se depreende, de uma questão de classe. Os de baixo devem ficar em baixo. 

Ocorre que alguém de baixo chegou lá em cima. Tornou-se o Presidene de todos os brasileiros.  Isso para eles é simplesmente intolerável.

Os donos e seus aliados ideológicos perderam o pulso da história. Não se deram conta de que o Brasil mudou. Surgiram redes de movimentos sociais organizados de onde vem Lula e tantas outras lideranças. Não há mais lugar para coroneis e de “fazedores de cabeça” do povo.

Quando Lula afirmou que “a opinião pública somos nós”, frase tão distorcida por essa midia raivosa, quis enfatizar que o povo organizado e consciente arrebatou a pretensão da midia comercial de ser a formadora e a porta-voz exclusiva da opinião pública. Ela tem que renunciar à ditadura da palavra escrita, falada e televisionada e disputar com outras fontes de informação e de opinião.

O povo cansado de ser governado pelas classes dominantes resolveu votar em si mesmo. Votou em Lula como o seu representante. Uma vez no Governo, operou uma revolução conceitual, inaceitável para elas. O Estado não se fez inimigo do povo, mas o indutor de mudanças profundas que beneficiaram mais de 30 milhões de brasileiros.

De miseráveis se fizeram pobres laboriosos, de pobres laboriosos se fizeram classe média baixa  e de classe média baixa se fizeram classe média. 

Começaram a comer, a ter luz em casa, a poder mandar seus filhos para a escola, a ganhar mais salário, a melhorar de vida, enfim.

Outro conceito inovador foi o desenvolvimento com inclusão social e distribuição de renda. Antes havia apenas desenvolvimento/crescimento que beneficiava aos já beneficiados à custa das massas destituidas e com salários de fome.

Agora ocorreu visível mobilização de classes, gerando satisfação das grandes maiorias e a esperança que tudo ainda pode ficar melhor. Concedemos que no Governo atual há um déficit de consciência e de práticas ecológicas. Mas importa reconhecer que Lula foi fiel à sua promessa de fazer amplas políticas públicas na direção dos mais marginalizados.

O que a grande maioria almeja é manter a continuidade deste processo de melhora e de mudança. Ora, esta continuidade é perigosa para a mídia comercial que assiste, assustada, o fortalecimento da soberania popular que se torna crítica, não mais manipulável e com vontade de ser ator dessa nova história democrática do Brasil.

Vai  ser uma democracia cada vez mais participativa e não apenas delegatícia. Esta abria amplo espaço à corrupção das elites e dava preponderância aos interesses das classes opulentas e ao seu braço ideológico que é a mídia comercial. A democracia participativa escuta os movimentos sociais, faz do Movimento dos Sem Terra (MST), odiado especialmente pela Veja faz questão de não ver, protagonista de mudanças sociais, não somente com referência à terra, mas também ao modelo econômico e às formas cooperativas de produção.

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e no fundo, retrógrado e velhista? Ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes?

Esse Brasil é combatido na pessoa do Presidente Lula e da candidata Dilma. Mas estes representam o que deve ser. E o que deve ser tem força. Irão triunfar a despeito das má vontade deste setor endurecido da midia comercial e empresarial. A vitória de Dilma dará solidez a este caminho novo ansiado e construido com suor e sangue por tantas gerações de brasileiros.

 *Teólogo, filósofo, escritor e representante da Iniciativa Internacional da Carta da Terra.

A DIFERENÇA

sábado, 25 de setembro de 2010

QUEM VENCE??? Só Raul Seixas sabe

Por que quando chega o dia de pagarmos uma conta dizemos que a CONTA VENCEU???

Não tem um termo melhorzinho, não???

Existe ainda, uma contradição, porque dizemos que a conta está VENCIDA, quando - na maioria das vezes - nós é que nos sentimos assim, vencidos.

Final de mês, sempre me pego com questões dessa natureza.

Como Raul já dizia: "dois problemas se misturam a verdade do universo e a prestação que vai vencer".

O problema é que:

é fim de mês, é fim de mês,
eu NÃO paguei a conta do meu telefone eu NÃO paguei pra eu falar eu NÃO paguei pra eu ouvir.

E tanto pior: falo das contas do mês passado, que as contas do mês vindouro começam a empurrar.

Oh, vidinha vencida!!!

É bolada, vencedor!!! (para a atenta Hannah)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

ADÉLIA PRADO, escolas e meninos (A João Vicente que se recusa diária e veementemente a ir para a escola)

"Desejo a morte de tudo que obriga um menino a escrever: mãe, estou desesperado.


O que é que eu faço, em que língua vou fazer um comício, uma passeata que irrompa nos gabinetes, nas salas de professores que tomam cafezinho e arrotam sua incomensurável boçalidade sobre o susto dos meninos desarmados?

Fazem política, os desgraçados, brigam horas e horas pela aula a mais, o tostão a mais, o enquadramento, o quinquênio, o milênio de arrogância, frustração e azedume.

Deus te abençoe filhinho, vai pra escola, seja educado e respeitador, honra teu mestre.

Mestre?

Onde é que tem um mestre no Brasil pra que eu lhe beije as mãos?

Jã não basta ser gente para encarnecer de dor? Ainda tem as escolas que se aplicar neste esmero de esvaziar dos meninos seu desejo de bois, gramas e pequenos córregos?

Ó, ofício demoníaco de encher de areia e confusão o que ainda é puro e tenro cálice.


Não quero dar aulas, ó meu deus, me livra desta aflição, me deixa dormir, me deixa em paz, aula de nada, de nada, aula de religião eu não quero dar.

Falo e me aflijo porque sei que não tem outro caminho senão começar de baixo, de trás, do fim da história, quando Deus pega Adão e lhe mostra as coisas, lhe deixa dar nome às coisas, lhe deixa, lhe deixa, ruminando seu espanto, sua alegria, sua primeira palavra...

Ó senhor presidente, ó senhor ministro, escuta: O menino foi à escola e escreveu a sua mãe: estou desesperado.

Escuta quem tenha ouvidos: os meninos do Brasil fenecem entre retórica, montanhas de papel e medo.
Entre ladrões, como Cristo na cruz."

(Adélia Prado: SOLTE OS CACHORROS, 1979)

domingo, 19 de setembro de 2010

Neymar, nossos jovens e nosso dever de casa

Pensei muito no que escrever sobre o chilique de Neymar com o técnico Dorival Júnior, mas não tinha uma idéia consolidada. Ontem, conversando com um amigo professor, meu querido Rômulo Matos e com meu digníssimo amor (nós dois também professores) sobre o comportamento dos adolescentes na sala de aula, acabei por achar a liga que faltava.

Não quero falar sobre o fato da fama ter subido à cabeça de Neymar e tudo o mais que já parece bem batido e evidente. "Estamos criando um  monstro" disse alguém, não sei se o próprio Dorival. Relacionar de alguma forma o comportamento de Neymar agora com o de Bruno também parece ser quase que uma tendência. Começa assim, acaba como o outro.

Mas, para mim, em termos de fama, o que aconteceu foi justo o contrário. Não acho que Neymar tenha feito isso porque é famoso, mas talvez justamente por ter esquecido deste pequeno detalhe no momento da confusão. Acho que foi a hora em que o Neymar bonzinho, das propagandas com crianças saiu de cena e deu lugar para o adolescente desaforado, cheio de si, desrespeitoso e sem limites. E isso, justamente isso, o aproxima mais dos jovens de sua idade, do que a imagem de bom moço que foi exaustivamente trabalhada durante todo o ano de 2010, pelas redes de TV pela descontrolada e cabonita Revista Placar, enfim, pelos meio de comunicação.

Mas, voltemos aos nossos jovens que odeiam a escola, desrespeitam os professores, não lêem, não refletem, não têm posicionamento político e todas essas coisas que dizemos em qualquer esquina sobre eles e, mais do que isso, cobramos diariamente que mudem. MUDEM. MUDEM.

E, aqui eu peço um aparte. Como podemos exigir que ELES mudem, se não mudamos, nós??? Como é que eles vão mudar, se foi isso que fizemos deles? Será mera coinscidência que toda uma geração seja assim, como a julgamos: acéfala, apolítica, aculturada???

Precisamos parar de culpar e de tentar fazê-los mudar à força e nos jogarmos profundamente numa auto-crítica coletiva de toda uma geração. Toda uma geração mesmo, porque não estamos falando de Salvador, de Bahia ou Brasil. Quem já viu - só para citar um exemplo - Entre os Muros da Escola, um filme francês, deve perceber que este modelo de juventude é universal. E mais do que encarar este modelo como um problema, eu acredito que ele seja uma característica dessa geração e que apenas não responde às nossas expectativas que não são necessariamente o que de melhor existe em termos de comportamento.

O que a nossa geração fez? Cantou o hino na porta da escola? Hasteou a bandeira? Vestiu uniforme? Pintou a cara??? Pra quê??? Pra construir o balaústre do neoliberalismo que destruiu o mundo dividindo-o entre milionários e miseráveis. Foi isso que a nossa geração fez. Orgulhosos??? Somos melhores que os jovens que 'não pensam'??? Não estou tão certa.


Nossa geração está tranquila dentro de seu apartamento financiado, no engarrafamento dentro de seu carro retalhado em prestações. Está dentro dos cinemas com ar-condicionado e livrarias de papel couché. Estamos nos programas de pós-graduação estudando nossos projetos mais eficazes de endogenia crônica.

Quando não, estamos assustados dentro dos ônibus coletivos, uns com medo dos outros. Trabalhadores acuados usurpados pelo patrão no trabalho e pelo nosso igual, viciado que virou assaltante. O MUNDO DIVIDIDO ENTRE OS QUE NÃO COMEM E OS QUE NÃO DORMEM COM MEDO DOS QUE NÃO COMEM. (Vi essa frase no filme de Milton Santos, mas não me lembro seu autor).

Será que insistir numa escola com modelo militar, de grade curricular, paredes, ferro e cadeado é o melhor que podemos fazer? Será que culpar os jovens por aquilo que eles são - mas do que não têm a menor culpa - é sensato?

Foi você que criou seu filho!!! Fomos nós que fizemos essa geração. Se há culpados, coisa que eu não acredito, somos nós. Nós que não realizamos as promessas da democracia. Nós, que sem o saudosismo das guerrilhas contra o regime militar, contra a divisão do mundo em dois, nós que nos afundamos nas compras, na fama, nos privilégios. Nós que buscamos soluções apenas para nossos problemas individuais, nunca sociais.

Mas, somos nós culpados, também???
Nossos pais?
Nossos avós?
Adão e Eva?
Darwin?

Não quero dizer, com tudo isso, que a vida é fruto do nada, e que não temos poder nenhum de decisão ou interferência. Muito pelo contrário, por mais contraditório que isso possa parecer.

Eu acho que o caminho está traçado e tentar fazer dos jovens de hoje o que fomos na nossa própria juventude e que nós achamos o máximo é jogo perdido. Ainda bem!!!

Eu imagino que algo de muito novo e transformador pode estar por acontecer. Sob novos paradigmas. Não este paradigma político-ideológico que nos guia há séculos. Um novo. Tão novo que eu sequer desconfio o que seja ou com o que se parece. E não estou criando aqui nenhuma nova teoria. São ecos de pensamentos como o de Michel Maffesoli, por exemplo e do próprio Miltons Santos.

De mim mesma só sei que não odeio os jovens. Nem os insuportaveizinhos dos adolescentes. Às vezes, me desespero com eles, perco a paciência, faço meus discursos envelhecidos em carvalho. Mas depois me lembro que os estou comparando com um modelo que EU decidi ser o melhor.

Acho que SÓ eles poderão construir algo realmente novo. Talvez eu esteja redondamente enganada. Ou talvez excessivamente otimista.

Mas, não se enganem: estes jovens HORROROSOS que detestamos somos nós, numa nova versão.

Ou a gente credita alguma confiança a estes nossos filhos, estas nossas sementes, e tentamos minimamente cooperar com a construção do novo, ou estaremos, nós mesmos atuando em função de um fim trágico, que já idealizamos como sendo de responsabilidade deles, mas que no fundo, no fundo, está impregnado de nossas impressões digitais. Se não der para ajudar, não atrapalhemos. Muito ajuda quem pouco atrapalha, Já cometemos erros demais até aqui.

Neymar. Segura a onda. Você é uma referência e sabe disso.


Mas eu não canso de dizer: eu gosto e acredito nos jovens de hoje!!!



É bolada, velho-rabugento!!!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

PRESENTE DE NIVER: CORINTHIANS BATE FLUMINENSE

Chega de inferno astral.

O meu timão me deu um presente, mesmo sem Ronaldo em cena - digo, em campo - que foi ter vencido o líder. Espero que o resultado se repita no sábado quando o Bahia há de vencer e assumir a liderança.


Já penso no Bahia na série A no ano que vem. Os torcedores do Vitória já estão pensando em como encher o saco do Bahia já que esta é a única nota cantada desde o rebaixamento.

Vocês viram o ataque do torcedor do Vitória contra três torcedores do Bahia no sábado??? Horrível, um jogo que nada tinha a ver com o Vitória. Realmente, espero que este comportamento da torcida rubro-negra não aumente. Não é a primeira vez este ano em que torcedores do Vitória fazem isso.

Acho que já é repercussão do possível acesso do Bahia à série A. Calma, gente. Futebol é a guerra simbólica. Aloou!!! Simbólica. No campo de futebol.

domingo, 12 de setembro de 2010

INFERNO ASTRAL - Que feio, o mesmo post nos dois blogs. Ah, o que é que tem???

Ai, que esse 16 de setembro se aproxima.
Ai, que os meus é que sabem a soma do inferno astral com a TPM, no que é que dá.
Ai, que 36 noves fora é nada, e justo agora, que quero tanta coisa.

Quinta-feira é dia estranho. Acho que tem cara de dia de vampiro.

Mas 16 é um número lindo. Gosto da sonoridade, da imagem, da melancolia.

Tantas dúvidas acumuladas entre 16 e 36.

Vem quarenta, vem quarenta,
Pode vir que nós aguenta.

Eita rima besta, meu Deus.

Vou ali, olhar para a cara dos meus 35 que se despedem com certa alegria. Bons anos, senhor, bons anos. Só o medo é que enche o saco.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

CARLOS DRUMMOD DE ANDRADE e o futebol


Futebol se joga no estádio?
Futebol se joga na praia,
futebol se joga na rua,
futebol se joga na alma.
A bola é a mesma: forma sacra
para craques e pernas-de-pau.
Mesma volúpia de chutar
na delirante copa-mundo
ou no árido espaço do morro.
São vôos de estátuas súbitas,
desenhos feéricos, bailados
de pés e troncos entraçados.
Instantes lúdicos: flutua
O jogador, gravado no ar
- afinal, o corpo trinufante
da triste lei da gravidade.

In Poesia errante
http://www.carlosdrummonddeandrade.com.br/poemas.php?poema=30

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O EXEMPLO MAIS EFICAZ DE TODOS

Quando a gente quer que alguém entenda o que a gente está falando, ou a gente desenha, ou dá um exemplo. E geralmene o exemplo é categórico, fulminante, eloquente.

Exemplo 01:

Aqui, um trecho de uma entrevista de Mário Prata sobre a leitura no Brasil. Quer entender, veja o exemplo:

Diário de Natal: E aquela história que todo mundo fala que não lê mais porque livro no Brasil é caro?

Mário Prata:
Quantas pessoas cabem no Machadão? 40 mil. Um América e ABC dá 40 mil pessoas lá. O ingresso custa R$ 40. Tem gente que vai quatro vezes por mês no futebol e não compra quatro livros por ano. O livro custa R$ 39,90, tem livro de R$ 30, de R$ 20. Então, é desculpa. Pouquíssimos livros no Brasil vendem 40 mil exemplares, e estádio todo domingo tem cinco ou seis lotados no Brasil. Então, essa desculpa não cola.

Veja a entrevista na íntegra: http://pragmatismopolitico.blogspot.com/2010/09/entrevista-de-mario-prata-escritor-ao.html
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Rárárá. Eu adoro esses exemplos. Sempre meu bom futebol como referência.


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Exemplo 02:

Quem assistiu Uma noite em 67, Gilberto Gil respondendo aos repórteres da Jovem Pam sobre o impacto de encarar a platéia na defesa de sua canção Domingo no Parque?


Gilberto Gil: Aquilo foi demais. Parecia platéia de futebol.

Veja o trailer deste filme maravilhoso:





É bolada, exemplificador!!! (nossa, essa ficou horrível!!!)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

BELEZAS INUSITADAS - Revista Beleza Bahia Ano 2 Nº 6


Estes dois textos foram originalmente publicado na edição de MAIO/JULHO da Revista Beleza Bahia, onde assino a coluna BELEZAS INUSITADAS. O primeiro texto é o desta coluna e o segundo um artigo especial sobre 80 anos de Copa do Mundo.

A revista é de responsabilildade do casal Paulo Lima Andrade e line Dias Neto e inclui também programa de TV e portal na internet. Acesse o site e conheça outros artigos interessantes, como o artigo  Uma Câmera nas Mãos, Muitas Idéias na Cabeça sobre a anistia de Glauber Rocha, da jornalista Ana Luisa Fideles, Se Essa Rua Fosse Minha da educadora  e pesquisadora Nairiznha, ou ainda a matéria da capa, Salvador, Cidade de Beleza e Magia de Edvaldo Esquivel. Tem o texto da jovem Eslinie Fiaes, designer cheia de idéias e provocações, que é Eleições 2010 e as novas mídias. Você vai encontrar ainda uma coluna de humor de Renato Piaba , fotos  impressionantes de Osmar Gama e ilustrações divertidas de Boré.
Vamos aos textos meus publicados ali.


BELEZAS INUSITADAS

Nesta coluna falaremos sobre belezas pouco evidentes ou que, apesar de serem vistas e contempladas cotidianamente, não são consideradas objetos de apreciação estética. São ações cotidianas, atitudes despretensiosas, coletivos que se criam, discretos fenômenos da natureza, ou mesmo antagonismos que nos comovem, nos convocam, nos seduzem.

ESTÉTICAS POSSÍVEIS NAS TORCIDAS DE FUTEBOL

E nossa beleza inusitada de hoje são as torcidas baianas de futebol. Organizada ou avulsa, a torcida de um time é o que ele tem de mais belo.

Podemos falar da beleza das torcidas a partir de diferentes pontos de vista. A beleza pura e simples de sua existência. Uma identidade possível à qual nos associamos. Um grupo de pessoas unidas pela paixão por um time que ao reunir diferentes características, configura a si (torcida) e configura a mim (torcedor), na medida em que decido me agregar a ele. O torcedor torce por um ideal mítico, coletivo, ancestral e sobretudo, belo. A busca pela vitória é apenas uma das experiências mais relevantes num jogo de futebol. A própria possibilidade do jogo, do embate, da busca coletiva por um objetivo comum também fazem parte do futebol.

Reunida na entrada e saída do estádio ou dissipada no cotidiano de nossa cidade, de Itapuã à Ribeira, da Paralela ao Centro Histórico, onde camisas e bonés reconfiguram  nossa paisagem, o corpo físico de uma torcida é uma outra análise possível de sua força estética, a partir de seus aspectos plásticos. Dentro do estádio, a beleza da torcida assume seu ápice. Colorindo o templo sagrado, entoando canções, hinos e gritos de guerra, misturando camisas, faixas e bandeiras, soltando fogos, a torcida é, em inúmeros aspectos – estéticos sobretudo – a parte vital do espetáculo do futebol. Mais do que espectador, o torcedor faz parte da obra que, aparentemente, apenas assiste. Receptor e criador, ele vivencia integral e visceralmente aquela experiência estética.

 Os hinos representam esta beleza transformada em sonoridade, em música. Dividindo  importância apenas com o grito de “GOL” o hino de nosso time é uma composição cuidadosa que reúne letra e melodia a serviço de uma identidade a ser construída e repassada de geração a geração.

Agora – permitam-me os torcedores do Vitória – sem desmerecer sua torcida que tem crescido consideravelmente, não se pode falar em beleza de torcidas sem dedicar um parágrafo à torcida do Bahia. Nacionalmente reconhecida como patrimônio imaterial de nosso estado, ela impressiona até mesmo o torcedor rival, que reconhece sua imponência. A beleza da torcida do Bahia emana de sua força, sua história, sua resistência e sua inabalável fé no time. O sentimento de pertencimento faz desta torcida – e de todas as outras, obviamente – a parte verdadeiramente essencial do time. Os jogadores passam, a equipe técnica muda, os diretores revezam. O que dá unidade ao clube? Sua torcida.

É sabido que o torcedor do Bahia é aquele “doente” que usa a camisa na segunda-feira, mesmo depois de um possível 5 X 0 no final de semana, enfrentando todo tipo de gozação. Na derrota, no empate ou na vitória, sempre é dia de vestir a camisa do Bahia:
  • Na segunda, porque teve jogo no fim de semana.
  • Na terça, porque é véspera de quarta, e todos nós sabemos que quarta tem rodada do campeonato.
  • Na quarta, porque não dá pra ir pra Pituaçu sem o uniforme! (Ou mesmo ouvir o jogo no radinho sem a vestimenta fundamental).
  • Na quinta, porque teve jogo ontem.
  • Na sexta, porque terá jogo no fim de semana
  • ... e por aí vai.

E haja tanta camisa. Original ou de camelô, o torcedor, mais que ser outdoor de sua paixão, quer tê-la como segunda pele.

Agora, se por acaso, você leitor não concorda com nada do que eu disse até agora e está se perguntando porque leu esta coluna até aqui; se você odeia o barulho e a algazarra que as torcidas fazem em dia de jogo, ou mesmo se você sempre desejou que seu marido largasse as camisas de time e vestisse uma roupa decente, tente a partir de hoje ponderar a situação e buscar compreender que essa gritaria infernal e esta roupa aparentemente ridícula fazem parte de um ritual coletivo que em meio a tanta solidão e tristeza da vida moderna, é um apelo às práticas sociais (num sentido mais profundo do que o utilizado atualmente). Uma experiência integral, onde o torcedor deixa de ser um indivíduo isolado e torna-se, não apenas parte, mas o próprio corpo coletivo.

E tente, a partir de agora, lançar um olhar mais estetizado sobre as coisas prosaicas da vida. Se isso não nos salvar, pelo menos embelezará momentos que talvez fossem mais difíceis de serem vividos, não fosse a beleza – que no fundo, no fundo – pode estar mesmo é nos olhos de quem vê.

UMA COROA DE RESPEITO - 80 anos de Copa do Mundo

Ela já tem 80 anos. E muita história para contar. A Copa do Mundo de Futebol é o maior ritual coletivo da modernidade. Ela envolve milhões de pessoas em todo o mundo, através de uma celebração aparentemente sem sentido: quem nunca se perguntou qual a graça de ver 22 homens brigando por uma bola? Pois é justamente essa briga internacional por uma bola, pelo feito extraordinário de conquistar o espaço inimigo através da simbologia do gol, que tem o poder de reunir boa parte da população planetária em torno de um mesmo acontecimento.

Sucesso absoluto em termos administrativos, políticos, culturais e – obviamente – esportivos, sua realização envolve uma infinidade de instâncias não apenas no país sede, mas ao redor de todo o mundo.

Nascida no ano de 1930, a Copa do Mundo já havia sido idealizada desde o início do século, mais precisamente em 1904, quando foi criada a FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado do francês Fédération Internationale de Football Association). O primeiro encontro entre seleções deveria ter acontecido em 1906, mas o clima político mundial estava tenso. Tensão esta que resultou na I Guerra Mundial, em 1914. Uma pena. Talvez o conflito simbólico tivesse evitado o conflito real.

Depois dessa tentativa frustrada, Jules Rimet, um grande entusiasta e idealizador do futebol moderno, reapresenta a proposta que é bem recebida pelas autoridades no assunto, sobretudo por conta do sucesso que o futebol havia feito nos Jogos Olímpicos de 1924. Como nas Olimpíadas não podiam jogar profissionais, a possibilidade de levar os melhores jogadores de cada nação foi um dos grandes atrativos para se criar um mundial só de futebol.


De lá pra cá foram 17 edições. Você pode estar achando que tem um problema de matemática aí, mas deixe-me esclarecer. Durante a década de 40 – novamente por causa de uma Guerra Mundial – as nações não se enfrentaram no campo, pois estavam perdendo seus homens no campo real da guerra sangrenta.

O Brasil é o único país a participar de todas as edições da Copa do Mundo. E também é seu maior vencedor, tendo levado – ou melhor, trazido – para casa cinco títulos. A maioria dos mundiais aconteceu na Europa, 09 deles. Em seguida a América Latina tem um número maior de copas: 06 mundiais, contra 01 dos Estados Unidos, 01 da Ásia e, agora em 2010, pela primeira vez uma Copa acontecerá em território Africano.

Falar de Copa do Mundo, não é falar apenas de futebol. É falar também de turismo, cultura, política, infra-estrutura. Todo o mundo turístico parece voltar-se para o evento. As empresas de marketing, certas do sucesso do evento, aconselham todos os seus clientes a vincularem suas marcas ao futebol. Não apenas propagandas, como também as mais diversificadas promoções são feitas tendo como foco o mundial. Da televisão ao celular, dos supermercado aos banco, todos querem tirar uma lasquinha do futebol. Os jogadores viram as grandes estrelas da publicidade e o jogo de faturar milhões também entra em cena.

Mas, falemos das belezas de uma Copa do Mundo. Beleza de nossa capacidade de nos organizarmos em torno de um objetivo comum. Beleza de nos unirmos – tricolores e rubro-negros – para comemorarmos, juntos, um mesmo gol. Beleza de conseguirmos derrubar a dureza do cotidiano para nos reunirmos em casa na hora do jogo do Brasil, quando o trabalho cessa e torcer pelo nosso país é a única coisa que importa. Beleza de nos associarmos a um ideal que aparentemente apolítico, nos define, nos unifica, nos identifica.

Torcer não é obrigatório, mas todos nós torcemos. Torcedor não tem documento oficial, mas todos nós somos. Essa capacidade de defendermos tanto uma causa para a qual não fomos obrigados, não somos fiscalizados, não somos nem remunerados, mantém viva uma possibilidade de vivermos essa porção da vida que é do intangível, do inexplicável, do imponderável. Essa coisa que talvez não tenha nome, mas que em alguma medida nos constitui. Se nestes tempos modernos – excessivamente modernos – estamos reduzidos a uma profissão, às nossas posses e nossos títulos, às nossas contas e nossas dívidas, a isso tudo que se pode nomear, discriminar e quantificar, atividades como a arte, a festa e o futebol talvez nos remetam ao que somos de fato, àquilo que não vou tentar comentar aqui, porque as palavras são por demais frágeis e eu, por demais humana.

E é a Copa do Mundo – vista não com os olhos pesados de apenas um grande mercado, uma grande indústria, mas com um olhar mais generoso sobre este ritual – o espaço onde essa magia acontece. Voltemos, então, nossos olhos ao continente africano, onde mais uma vez a humanidade se re-encontra. Que seja um momento mágico, de paz, de alegria, de combate justo, onde perdedores e vencedores se encontrem, convivam e construam, cada um a sua maneira, mais uma página na história dessa jovem senhora que nos assiste a 80 anos e nos ensina um pouquinho mais sobre nós mesmos. Que venha a Copa do Mundo de 2010.

sábado, 4 de setembro de 2010

SIP - SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA - em Pituaçu

Uma das atividades do doutorado é o SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR DE PESQUISA (SIP) que no mestrado é o SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ANDAMENTO (SPA). Nestes encontros, cada pesquisador apresenta seu projeto, ou alguma parte dele e ouve considerações dos colegas da turma e dos professores.

Neste semestre, como já apresentamos nossos projetos no semestre passado e as mudanças provavelmente são poucas, a idéia é que apresentemos alguma parte de nossa pesquisa de um modo mais próximo de sua realidade. Assim, estamos acompanhando mais de perto os objetos de pesquisa de cada colega, como as prospostas metodológicas de Roberto Abreu, as performances e suas problematizações, com Maicyra e Cristina, dentre outras.

O meu SIP será realizado em dois tempos: No primeiro tempo vivenciaremos a apreciação de um jogo do Bahia em Pituaçu. Vamos, toda a turma e professores, para o estádio no dia 18/09, às 18h30. Como o grupo não está habituado a este ritual e todas as suas características elementares, vamos todos numa van, vou comprar os ingressos com antecedência e alguns vão com a camisa sagrada do Baêa. O jogo é Bahia X Ipatinga e pelo que se vê nas rodadas, vai ser um jogo importante, pois o Bahia está num entra e sai danado do G4.

Ontem teve jogo em Pituaçu e eu fiquei impressionada com a participação da torcida. O estádio estava praticamente lotado e a Avenida Paralela era um mar de carros estacionados no entorno da grande casa.


Se você se interessou pela atividade, quem sabe ainda não tem um lugarzinho na van. Vai ser lindo ver uma vitória do meu Bahia (com fé em Deus) junto de meus amigos cabeções.

O segundo tempo, será no dia 21, na sala de aula (afinal de contas isso é um doutorado sério) onde debateremos sobre a experiência vivida. Esta parte é mais chata, mas se você quiser vir também, por que não?

É bolada, pesquisador!!!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

NOVO BLOG - agora é que eu não faço mais nada mesmo no mundo real

CARÍSSIMOS E CARÍSSIMAS,

Como vocês já perceberam que eu falo de um tudo neste tal deste futebol de artista e a mania agora é divulgar peça e filmes, acabei por tomar a decisão de fazer um outro blog onde possa discorrer e dialogar com vocês sobre coisas mais especificamente de teatro, de recepção, comportamento do público, etc.

Então, convido a todos a conhecer e participar do ARTE DO ESPECTADOR, onde vou tentar organizar parte de minha pesquisa buscando levantar dados sobre produção, bilheteria, movimento nos teatros, borderôs, reservas, etc. Farei comentários também sobre as peças que vi e gostei e olha que eu ultimamente tenho gostado muito de tudo que vejo.

Será um prazer recebê-los.

www.artedoespectador.blogspot.com

É bolada, blogueiro!!!