Parafraseando a dissertação de mestrado do meu grande amigo e parceiro de doutorado Paulo Henrique Alcântara, intitulada . Do Silêncio ao Grito: As estratégias do encenador-educador Luiz Marfuz na direção dos Jovens do Liceu para o Espetáculo Cuida Bem de Mim, .quero falar, ou ao menos tentar falar, sobre as fortíssimas emoções do jogo de hoje, dia de finados, 02 de novembro de 2010
O jogo valia a liderança da Série B do campeonato brasileiro e praticamente garantiria o acesso à elite do futebol brasileiro em 2011. O Coxa, lider com 60 pontos e o Bahia, vice-líder com 58, lutavam por uma vitória.
O jogo contou com um público caloroso de 32.150 espectadores. 95% deles com o uniforme de torcedor, não tenho dúvida.
Eu não fui ver, mas Alam foi e o motivo deste post é justo um vídeo que ele fez no finalzinho.
Atentem para o seguinte: Na próxima semana vamos a São Paulo para o XI Congresso ABRACE - Associação Brasileira de Pesquisa em Artes Cênicas, onde vou fazer uma comunicação de minha pesquisa e o tema que escolhi foi a tragédia da Copa de 50. Cruzando autores do universo teatral, como Jan Kott, vou fazer uma comparação entre os elementos sugeridos por este autor encontrados nas tragédias e no drama contemporâneo com os elementos encontrados na partida entre Brasil 1 X 2 Uruguai, ocorrida no dia 16 de julho de 1950. Eu ainda nem tinha organizado minha apresentação e eis que a trama acontece.
Aos 40 minutos do segundo tempo, num jogo duro, o Bahia consegue fazer o gol que para mim era o gol da vitória, o gol da liderança, o gol do acesso, o gol da noite. 40 minutos. Eu e minha filha pulávamos de alegria e eu dizia: "Agora é esperar o apito". Mas, no meio da minha dancinha infame, Hannah diz, olhando para a tela do portal terra que dá minuto-a-minuto do jogo: Mãe, tá 1 X 1. Eu repetia: 'mentira, mentira, mentira". 46min do segundo tempo. Antes, segundos antes do apito que eu tanto esperava, o Coxa fez o gol do empate e na mais rápida queda que eu já vi, o Bahia foi de líder a terceiro colocado no campeonato. Gente, como é difícil acreditar.
Eu sou Bahia, todo mundo sabe disso, mas o que mais me chamava a atenção era o inusitado da situação. Eu sei que outras, muitas outras ocasiões semelhantes já aconteceram, até mais dramáticas, quando títulos foram decidios em fração de segundos - no fundo sempre é uma questão de segundos: quanto tempo leva um gol? Mas, eu não tinha vivido nada parecido. Eu ficava imaginando a crueldade do fato com aqueles 32.150 espectadores que silenciaram abruptamente quando ainda comemoravam o gol e só esperavam, como eu, o apito final, que veio logo após o gol trágico.
A pergunta que levo para o Congresso ABRACE vai mais quente do que eu esperava: o que é que faz isso? A quem cabe a decisão? Que força estranha decide os rumos de uma partida? O absoluto? O grotesco? O destino? Os homens?
Alam me confessa então que, atendendo a meu pedido, gravou a comemoração do gol do Bahia, mas acabou, sem querer, gravando o gol do Coritiba. Quando assistia, perguntei a ele se gravou o imenso silêncio que ele mesmo relatou quando aconteceu o gol. Ele disse, conformado: "Não gravei. Meu silêncio foi desligar a câmera"!
Acompanhe o vácuo que ficou do GRITO ao SILÊNCIO:
É BOLADA, TRICOLOR!!!
Depois da pesquisa de mestrado realizada no PPGAC - UFBA, intitulada TEATRO X FUTEBOL: Por uma dramaturgia do espetáculo futebolístico, dou continuidade à pesquisa em nível de doutorado: A EXPERIÊNCIA TRÁGICA DO TORCEDOR: o Futebol como espetáculo absoluto do Século XX. Neste blog pensamentos, perguntas, problematizações, cotidianices, política, arte, poesia. TEATRO E FUTEBOL juntos, porque entre o campo e o palco, entre o jogo e peça existem mais parentescos do que supõe a nossa vã filosofia.
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Mt legais suas "reflexoes". Ja estou te seguindo!
ResponderExcluirQd der, visite tb meu blog de humor!
Um graande abraço e parabens pelo blog
www.santaingnoranca.blogspot.com
@santaingnoranca
Obrigada Jenny, vou entrar com calma depois, porque estou nujma correria doida aqui em São Paulo, apresentando o tal do artigo. Abraços.
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