ENTREGA!
ENTREGA!
A cantilena da final do campeonato brasileiro mostra que definitivamente a força do clube pra quem se torce é infinitamente maior do que a naturalidade deste torcedor. O que para leigos e desavisados poderia ser uma corrida para saber qual estado tem mais títulos nacionais, é na verdade uma união ao contrário. É a força da competitividade na construção da própria identidade.
Já podemos ver isso bem perto de nós. O torcedor tricolor, fanático, não quer nem saber da campanha POR UM BA X VI NA PRIMEIRA DIVISÃO. Ele quer mais é ver o elevador fazer o serviço completo e ver o Vitória amargar na segunda divisão.
Assim, torcedores cariocas e paulistas têm gritado sem a menor vergonha que seu time entregue para não ajudar o rival. São Paulo 'entregou' na semana passada para o Fluminense o que provavelmente fará também o Palmeiras hoje e também o Vasco contra o Corinthians para que as chances do Fluminense não aumentem.
Torcedores palmeirenses cantam que perder para o Fluminense não é mais do que obrigação.
Do ponto de vista do torcedor, eu entendo essa comoção, até porque participo dela. Mas, do ponto de vista da gestão do futebol, acho lamentável que um campeonato tão grande e importante acabe assim, nesse ENTREGA, ENTREGA sem fim, onde o valor da partida, momento maior da dramaturgia do futebol fica relegado ao mais baixo plano. A idéia dos pontos corridos parece poder evitar compra de árbitros, mas o que se tem visto é que essa certeza já não é tão grande. O risco de se comprar o juiz dos jogos finais só fez se expandir para outros jogos importantes. Como comentou Alam, apenas ampliou-se o mercado.
Esse erra-erra de juiz que tem uma cara danada de falcatrua não foi evitado, e ainda por cima, além de tirar a grande emoção de uma final de campeonato, relega as últimas rodadas a questões não mais esportivas ou estéticas, mas a questões éticas (lembrando que o futebol parece ter sua própria dimensão ética). O torcedor passa a torcer - e pedir - pela derrota do seu time - veja se isso não é uma distorção!
Acho que este modelo de campeonato deve ser repensado, até porque as coisas mudam muito rapidamente e se em algum momento este foi o melhor modelo, tenho certeza de que não é mais e de que isso que se esboça agora - em oposição a outros campeonatos onde o campeão era conhecido com várias rodadas de antecedência - só tende a aumentar nos anos seguintes.
O melhor modelo? Eu não sei, e acredito que ninguém sozinho o saiba. É preciso discutir, pensar e estudar um bom modelo que devolva a graça e a ética esportiva à final do maior campeonato do país do futebol.
É bolada, entregador!!!
Depois da pesquisa de mestrado realizada no PPGAC - UFBA, intitulada TEATRO X FUTEBOL: Por uma dramaturgia do espetáculo futebolístico, dou continuidade à pesquisa em nível de doutorado: A EXPERIÊNCIA TRÁGICA DO TORCEDOR: o Futebol como espetáculo absoluto do Século XX. Neste blog pensamentos, perguntas, problematizações, cotidianices, política, arte, poesia. TEATRO E FUTEBOL juntos, porque entre o campo e o palco, entre o jogo e peça existem mais parentescos do que supõe a nossa vã filosofia.
domingo, 28 de novembro de 2010
sábado, 20 de novembro de 2010
20 de novembro e O negro no Futebol Brasileiro
Para não deixar passar em branco esta data importante, em que a rua foi tomada de trios elétricos, nossa indiscutível marca, por dois motivos distintos mas tão semelhantes: Um trio no Campo Grande conduzia a marcha e a festa da CONSCIÊNCIA NEGRA. Do outro lado da cidade, três trios animam a inacabável festa do acesso do Bahia, mesmo com a derrota de hoje.
Coinscidência? Não. Tenha certeza que não.
O texto abaixo deve ser lido e considerado em seu contexto, obviamente. Já lá se foram mais de 40 anos e a situação, o discurso, o contexto, tudo isso mudou. O que não faz do texto e do livro sobre o qual comenta, um importante documento histórico sobre essa história que se completa: a do negro e a do futebol brasileiro.
*******************************************************************************
A VEZ DO PRETO - Édison Carneiro - 1964 (Texto das Orelhas da 2ª edição do livro de Mário Filho)
Esta crônica viva, movimentada, alegre, de êxitos e insucessos, avanços e recuos, marchas e contramarchas do negro na batalha que travou por um lugar no futebol metropolitano exemplifica a extrema versatilidade com que, historicamente, o nosso irmão de pele escura vem conquisntando, em todos os terrenos, a igualdade com todos os brasileiros.
A batalha particular do negro é quase toda a história do futebol - e, afortunadamente para nós, as suas várias peripércias são narradas ppor um homem tão senhor do assunto como Mário Filho, um velho sportman que conhece de primeira mão grande parte do que relembra, restaura e revive. E podemos dizer, com ele, que ao menos no futebol, chegou 'a vez do preto', tão bem simbolizada no triunfo mundial de Pelé.
Quando o futebol começou a candidatar-se à preferência popular, faltavam ao negro dinheiro e posição social. Naqueles tempos, as regatas e as corridas de cavalos eram as diversões prediletas. Esporte era para ricos, para brancos, ou pelo menos, para pessoas de boa família. O futebol não excluiu, inicialmente, o negro, mas não lhe deu as mesmas regalias que ao branco. O negro se conformava, parecia conhecer o 'seu' lugar, e o branco podia assumir a confortável atitude de bom senhor em relação aos escravos dóceis e obedientes.
O paternalismo desse primeiro período não durou muito. O interesse do público aumentava cada dia - o futebol não dava camisa a ninguém mas dava renome e fama - o remo e o turfe passavam a segundo plano - e houve um recrudescimento do preconceito de cor. No espírito do tempo, os ominosos tempos em que o fascismo estava em ascenção no mundo, a Amea, uma liga local, e a CBD se lançaram a campanhas de 'arianização' do futebol, afastando dos times jogadores pretos e mulatos, então numerosos - conta Mário Filho - nos clubes do subúrbio Bangu, Andaraí, América, Vasco, São Cristóvão. Tão deliberada era essa atitude dos racistas do futebol que nem mesmo se importavam co o risco da derrota em partidas internacionais. A ofensiva segregacionista fez as suas baixas nas hostes de cor - feridos, estropiado, desertores. Alguns tentaram disfarças a cor - Friedenreich engomava o cabelo, houve um mulato que cobria o rosto com uma camada tão espessa de pó-de-arroz que acabou dando o famoso apelido ao Fluminense. Outros, mais seguros de si, como Robson, declaravam já terem sido pretos. Outros se envergonhavam e se deixavam subjulgar, como Manteiga, que aproveitou a primeira oportunidade para voltar à sua terra, a Bahia, ou Leônidas que, vilipendiado, se refugiou em São Paulo. Outros ainda se asilaram em times estrangeiros. Em geral, porém, o negro não se deu por vencido - e, no campo e na pelada, com paciência e obstinação desenvolveu a perícia que, logo que os tempo mudaram, em especial após algumas derrotas memoráveis em campos estrangeiros, lhe abriu de novo as portas do clube. O negro não recebia um favor - não se confiava mais na vondade e na tolerância do branco, estava seguro das suas próprias forças e possibilidades, estava preparado para competir com quem quer que fosse em igualdade de condições.
Tudo isto está contado, com as minúcias naturais a quem conheceu de perto os acontecimentos que narra, neste livro de Mário Filho, em que estão vivos, estuantes de vida, no acerto e no erro, nas suas debilidades e nas suas virtudes, Friendereich, Manteiga, Leônidas, Domingos da Guia, o técnico Gentil Cardoso, Zizinho, Jair, Jaime de Almeida, Didi, Pelé e tantos outros, negros e mulatos de ontem e de hoje que deram o que podiam à glória e ao esplendor do futebol brasileiro.
Édison Carneiro - Historiador e escritor
********************************************************************************
É bolada, meu Nego.
Coinscidência? Não. Tenha certeza que não.
O texto abaixo deve ser lido e considerado em seu contexto, obviamente. Já lá se foram mais de 40 anos e a situação, o discurso, o contexto, tudo isso mudou. O que não faz do texto e do livro sobre o qual comenta, um importante documento histórico sobre essa história que se completa: a do negro e a do futebol brasileiro.
*******************************************************************************
A VEZ DO PRETO - Édison Carneiro - 1964 (Texto das Orelhas da 2ª edição do livro de Mário Filho)
Esta crônica viva, movimentada, alegre, de êxitos e insucessos, avanços e recuos, marchas e contramarchas do negro na batalha que travou por um lugar no futebol metropolitano exemplifica a extrema versatilidade com que, historicamente, o nosso irmão de pele escura vem conquisntando, em todos os terrenos, a igualdade com todos os brasileiros.
A batalha particular do negro é quase toda a história do futebol - e, afortunadamente para nós, as suas várias peripércias são narradas ppor um homem tão senhor do assunto como Mário Filho, um velho sportman que conhece de primeira mão grande parte do que relembra, restaura e revive. E podemos dizer, com ele, que ao menos no futebol, chegou 'a vez do preto', tão bem simbolizada no triunfo mundial de Pelé.
Quando o futebol começou a candidatar-se à preferência popular, faltavam ao negro dinheiro e posição social. Naqueles tempos, as regatas e as corridas de cavalos eram as diversões prediletas. Esporte era para ricos, para brancos, ou pelo menos, para pessoas de boa família. O futebol não excluiu, inicialmente, o negro, mas não lhe deu as mesmas regalias que ao branco. O negro se conformava, parecia conhecer o 'seu' lugar, e o branco podia assumir a confortável atitude de bom senhor em relação aos escravos dóceis e obedientes.
O paternalismo desse primeiro período não durou muito. O interesse do público aumentava cada dia - o futebol não dava camisa a ninguém mas dava renome e fama - o remo e o turfe passavam a segundo plano - e houve um recrudescimento do preconceito de cor. No espírito do tempo, os ominosos tempos em que o fascismo estava em ascenção no mundo, a Amea, uma liga local, e a CBD se lançaram a campanhas de 'arianização' do futebol, afastando dos times jogadores pretos e mulatos, então numerosos - conta Mário Filho - nos clubes do subúrbio Bangu, Andaraí, América, Vasco, São Cristóvão. Tão deliberada era essa atitude dos racistas do futebol que nem mesmo se importavam co o risco da derrota em partidas internacionais. A ofensiva segregacionista fez as suas baixas nas hostes de cor - feridos, estropiado, desertores. Alguns tentaram disfarças a cor - Friedenreich engomava o cabelo, houve um mulato que cobria o rosto com uma camada tão espessa de pó-de-arroz que acabou dando o famoso apelido ao Fluminense. Outros, mais seguros de si, como Robson, declaravam já terem sido pretos. Outros se envergonhavam e se deixavam subjulgar, como Manteiga, que aproveitou a primeira oportunidade para voltar à sua terra, a Bahia, ou Leônidas que, vilipendiado, se refugiou em São Paulo. Outros ainda se asilaram em times estrangeiros. Em geral, porém, o negro não se deu por vencido - e, no campo e na pelada, com paciência e obstinação desenvolveu a perícia que, logo que os tempo mudaram, em especial após algumas derrotas memoráveis em campos estrangeiros, lhe abriu de novo as portas do clube. O negro não recebia um favor - não se confiava mais na vondade e na tolerância do branco, estava seguro das suas próprias forças e possibilidades, estava preparado para competir com quem quer que fosse em igualdade de condições.
Tudo isto está contado, com as minúcias naturais a quem conheceu de perto os acontecimentos que narra, neste livro de Mário Filho, em que estão vivos, estuantes de vida, no acerto e no erro, nas suas debilidades e nas suas virtudes, Friendereich, Manteiga, Leônidas, Domingos da Guia, o técnico Gentil Cardoso, Zizinho, Jair, Jaime de Almeida, Didi, Pelé e tantos outros, negros e mulatos de ontem e de hoje que deram o que podiam à glória e ao esplendor do futebol brasileiro.
Édison Carneiro - Historiador e escritor
********************************************************************************
É bolada, meu Nego.
Marcadores:
Cotidianices,
Outros jogadores,
Política
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
DEMOREI, MAS VOU AGORA COMENTAR:80 anos vai ser na série A
Estava eu assistindo ao espetáculo curitibano Vida, no Teatro Cacilda Becker, na Lapa em São Paulo, quando o Bahia ia entrar em campo. Ainda no táxi despedi-me do meu amor, que esperava desde a tarde daquele 13 de novembro nas arquibancadas de Pituaçu pelo mais aguardado espetáculo. Desliguei o celular, como de praxe e me entreguei ao belo drama sobre a existência e a solidão - se é que não são a mesma coisa.
Ao fim do espetáculo, fui ao banheiro - minto, ao toillet - e liguei, ali mesmo na salinha de pipi, agachadinha, o celular que pipocou três deliciosas mensagens:
1ªmensagem: Bahia 1 X 0 Portuguesa
2ª mensagem: Adriano 2 gols.
3ª mensagem: Acabou: 3 X 0.
Saio do banheiro equilibrando calças, celular, bolsa, cachecol e tudo o mais. Grito feito louca no educado banheiro - minto, toillet - paulista e mostro, enfim, do que sou feita. Dessa paixão e dessa falta de vergonha de ser feliz. Este orgulho de amar um estado, amar um time, amar uma identidade.
Saio e não consigo quase organizar a frase, dizer que o Baêa conseguiu. Ligo para Alam e com voz rouca e fundo musical ensurdecedor, ele me diz que nunca viu nada tão lindo. Ninguém sai do estádio. Os jogadores no gramado, a torcida nas arquibancadas, uma festa de amor. Um amor coletivo, sem idade, sem gênero, sem parentesco, sem precedentes. Um amor sem limites.
Continuo falando pelas esquinas, comentando com quem quer que passe em minha frente. Na mesma noite meu time paulista - meu timão - havia vencido o Cruzeiro com gol do meu Ronaldo. Pra que melhor? Chego à Augusta, depois de trocar figurinhas futebolísticas com o taxista, e vejo uma feliz camisa tricolor. Lamento não estar com a minha, que havia reservado para o domingo.
Toda essa longa narrativa, para dizer que a felicidade que sentia era tão plena, mas tão plena que eu não conseguia falar de outra coisa. É uma alegria de quem arranjou namorado novo. Ou de quem passou no vestibular. Aquela sensação de que o que parecia justo e certo - mas que podia não acontecer - aconteceu.
O torcedor tricolor estava que era uma pilha só. Um ri e chora sem fim. A cada jogo, novas sensações. Das vitórias, saíamos confiantes, unidos, empolgados. Do traumatizante empate com o Coritiba e o fiasco com o Brasiliense, saímos, simplesmente desolados, para dizer pouco.
E agora, essa alegria. Uma alegria que dura. Podemos dormir e acordar que a alegria não passa. Nem diminiu. Talvez se estabeleça, se tranquilize, mas passar, ah, isso não.
E o interessante é que no fundo, no fundo, toda alegria está naquilo em que a gente concentra energia mesmo para estar feliz. No ano que vem - nosso aniversário de 80 anos - vamos lutar, vamos ter que brigar com iguais, pois jamais deixamos de ser um time de primeira grandeza. Mas nada vai fazer a torcida esquecer este acesso. O elenco, a equipe técnica, o técnico deste momento são história. E Adriano Michael Jackson? HISTORY!!!
Que bom ver este povo feliz. Que bom ver uma cidade pintada de vermelho, azul e branco. Que bom ver a esperança de volta. Que bom ouvir hinos e canções falando do Bahia. Diante de tanta dor e tanta pobreza, miséria e corrupção, eis que o futebol faz da existência uma tarefa mais leve, até prazerosa.
Depois da emoção da ida ao museu do futebol, a vitória que deu acesso ao meu time à primeira divisão novamente, me faz ter certeza de que o objeto que pesquiso no doutorado é de uma relevância inquestionável e me conquistou pelo tamanho da humanidade que reside em si, no sentido mais amplo e genuíno que se possa pensar em humanidade.
Obrigada, meu Baêa, por me proporcionar experiência tão satisfatória e enriquecedora.
Leia o delicioso artigo sobre a subida do Baêa, escrita por Marcelo Barreto para o blog so Sport TV
http://sportv.globo.com/platb/marcelobarreto/2010/11/06/quando-o-bahia-subir/#comments
É Bolada, elevador!!!
terça-feira, 16 de novembro de 2010
VISITA AO MUSEU DO FUTEBOL - PACAEMBU - SÃO PAULO
Em visita a São Paulo, entre os dias 08 e 14 de Novembro, para participar do VI Congresso ABRACE (Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas), apresentei meu artigo sobre a derrota do Brasil para o Uruguai em 1950, intitulado O ABSOLUTO E O GROTESCO DA DERROTA: 60 anos de uma tragédia brasileira, onde identifico elementos de tragédias na fatídica partida. Além disso, fiz, entre muitos outros programas culturais e gastronômicos, uma visita ao Museu do Futebol, localizado no Estádio Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, atual casa do meu querido Timão, o Corinthians.
A experiência é única. O museu difere de tudo o que estamos acostumados a pensar de um museu. O passado está ali, se apresentando a nós, através dos ícones do presente: muita instalação, muita multi-mídia, dinamismo, interatividade.
Além da exposição permanente, vimos a exposição Copas do Mundo de A a Z.
Percebemos que muitos jovens frequentam o museu. Encontramos algumas delegações nacionais e internacionais. Os monitores acompanhavam estas caravanas. Boa parte do museu não pode ser fotografada, o que eu acho bom, porque estamos mais interessados em fotografar do que em assistir de fato à exposição e fora que sempre atrapalha o flash daqui flash dali. Há muitos vídeos para assistir, há trasmissões históricas de rádio. Eu ouvi a narração do gol de Ghiggia em 1950. Muito texto para ler, imagens impressionantes sobre os momentos históricos do ano de cada copa. Ícones da identidade nacional, curiosidades sobre termos, lendas e números, muitos números.
Bolas, chuteiras, camisas e uma sessão dedicada a Pelé e Garrincha.
Agora, o mais impactante, para mim, foi a parte que fica nas estruturas das arquibancadas do Pacaembu. Ali, num ambiente quase inóspito, são projetadas imagens de torcidas em telões gigantescos com o som bem alto. As projeções vão se revezando e por ora piscam criando uma sensação de vertigem, como temos às vezes na experiência real. Não há legendas, não há explicação. Não há palavras. Somente a força das imagens e ficamos por muitos minutos ali, embevecidos pela atmosfera única das torcidas de futebol.
Mais adiante, podemos fotografar o Estádio Pacaembu. A concorrência é grande, porque o espaço é pequeno e todo mundo quer tirar sua fotinha ali.
Tivemos o prazer, Eu, Reginaldo Carvalho e Jones Mota (amigos que me acompanhavam) de conhecer o árbitro Emídio Marques de Medeiros, uma lenda da arbitragem, que ouviu um pouco sobre minha pesquisa e conversou conosco. Confira no vídeo logo abaixo. O diretor do Museu também foi muito solícito e pediu uma cópia de minha dissertação, além de dizer que estava disponível para ajudar em minha pesquisa no que fosse preciso.
Na volta, perguntamos ao motorista do táxi se ele já tinha estado no museu, ele disse que sim, que todo mundo já foi ao museu. Ver o futebol num lugar tão clássico de cultura e erudição nos provoca bastante. Vimos muitos jovens se divertindo, passando horas admirando as atrações do museu e isso foi muito agradável.
Espero voltar em breve, com meus filhos e marido, que sei que adorarão. É preciso muito mais do que um dia inteiro para apreciar e se apropriar de tudo aquilo que a impressionante história do nosso futebol tem para nos oferecer. É bom sabermos que fazemos parte disso. É bom ver nossa história assim, organizada, valorizada, disponível para os nossos.
Quem tiver oportunidade, não deixe de ir.
É bolada, visitador.
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
DO GRITO AO SILÊNCIO - Futebol para quem tem nervos de aço
Parafraseando a dissertação de mestrado do meu grande amigo e parceiro de doutorado Paulo Henrique Alcântara, intitulada . Do Silêncio ao Grito: As estratégias do encenador-educador Luiz Marfuz na direção dos Jovens do Liceu para o Espetáculo Cuida Bem de Mim, .quero falar, ou ao menos tentar falar, sobre as fortíssimas emoções do jogo de hoje, dia de finados, 02 de novembro de 2010
O jogo valia a liderança da Série B do campeonato brasileiro e praticamente garantiria o acesso à elite do futebol brasileiro em 2011. O Coxa, lider com 60 pontos e o Bahia, vice-líder com 58, lutavam por uma vitória.
O jogo contou com um público caloroso de 32.150 espectadores. 95% deles com o uniforme de torcedor, não tenho dúvida.
Eu não fui ver, mas Alam foi e o motivo deste post é justo um vídeo que ele fez no finalzinho.
Atentem para o seguinte: Na próxima semana vamos a São Paulo para o XI Congresso ABRACE - Associação Brasileira de Pesquisa em Artes Cênicas, onde vou fazer uma comunicação de minha pesquisa e o tema que escolhi foi a tragédia da Copa de 50. Cruzando autores do universo teatral, como Jan Kott, vou fazer uma comparação entre os elementos sugeridos por este autor encontrados nas tragédias e no drama contemporâneo com os elementos encontrados na partida entre Brasil 1 X 2 Uruguai, ocorrida no dia 16 de julho de 1950. Eu ainda nem tinha organizado minha apresentação e eis que a trama acontece.
Aos 40 minutos do segundo tempo, num jogo duro, o Bahia consegue fazer o gol que para mim era o gol da vitória, o gol da liderança, o gol do acesso, o gol da noite. 40 minutos. Eu e minha filha pulávamos de alegria e eu dizia: "Agora é esperar o apito". Mas, no meio da minha dancinha infame, Hannah diz, olhando para a tela do portal terra que dá minuto-a-minuto do jogo: Mãe, tá 1 X 1. Eu repetia: 'mentira, mentira, mentira". 46min do segundo tempo. Antes, segundos antes do apito que eu tanto esperava, o Coxa fez o gol do empate e na mais rápida queda que eu já vi, o Bahia foi de líder a terceiro colocado no campeonato. Gente, como é difícil acreditar.
Eu sou Bahia, todo mundo sabe disso, mas o que mais me chamava a atenção era o inusitado da situação. Eu sei que outras, muitas outras ocasiões semelhantes já aconteceram, até mais dramáticas, quando títulos foram decidios em fração de segundos - no fundo sempre é uma questão de segundos: quanto tempo leva um gol? Mas, eu não tinha vivido nada parecido. Eu ficava imaginando a crueldade do fato com aqueles 32.150 espectadores que silenciaram abruptamente quando ainda comemoravam o gol e só esperavam, como eu, o apito final, que veio logo após o gol trágico.
A pergunta que levo para o Congresso ABRACE vai mais quente do que eu esperava: o que é que faz isso? A quem cabe a decisão? Que força estranha decide os rumos de uma partida? O absoluto? O grotesco? O destino? Os homens?
Alam me confessa então que, atendendo a meu pedido, gravou a comemoração do gol do Bahia, mas acabou, sem querer, gravando o gol do Coritiba. Quando assistia, perguntei a ele se gravou o imenso silêncio que ele mesmo relatou quando aconteceu o gol. Ele disse, conformado: "Não gravei. Meu silêncio foi desligar a câmera"!
Acompanhe o vácuo que ficou do GRITO ao SILÊNCIO:
É BOLADA, TRICOLOR!!!
O jogo valia a liderança da Série B do campeonato brasileiro e praticamente garantiria o acesso à elite do futebol brasileiro em 2011. O Coxa, lider com 60 pontos e o Bahia, vice-líder com 58, lutavam por uma vitória.
O jogo contou com um público caloroso de 32.150 espectadores. 95% deles com o uniforme de torcedor, não tenho dúvida.
Eu não fui ver, mas Alam foi e o motivo deste post é justo um vídeo que ele fez no finalzinho.
Atentem para o seguinte: Na próxima semana vamos a São Paulo para o XI Congresso ABRACE - Associação Brasileira de Pesquisa em Artes Cênicas, onde vou fazer uma comunicação de minha pesquisa e o tema que escolhi foi a tragédia da Copa de 50. Cruzando autores do universo teatral, como Jan Kott, vou fazer uma comparação entre os elementos sugeridos por este autor encontrados nas tragédias e no drama contemporâneo com os elementos encontrados na partida entre Brasil 1 X 2 Uruguai, ocorrida no dia 16 de julho de 1950. Eu ainda nem tinha organizado minha apresentação e eis que a trama acontece.
Aos 40 minutos do segundo tempo, num jogo duro, o Bahia consegue fazer o gol que para mim era o gol da vitória, o gol da liderança, o gol do acesso, o gol da noite. 40 minutos. Eu e minha filha pulávamos de alegria e eu dizia: "Agora é esperar o apito". Mas, no meio da minha dancinha infame, Hannah diz, olhando para a tela do portal terra que dá minuto-a-minuto do jogo: Mãe, tá 1 X 1. Eu repetia: 'mentira, mentira, mentira". 46min do segundo tempo. Antes, segundos antes do apito que eu tanto esperava, o Coxa fez o gol do empate e na mais rápida queda que eu já vi, o Bahia foi de líder a terceiro colocado no campeonato. Gente, como é difícil acreditar.
Eu sou Bahia, todo mundo sabe disso, mas o que mais me chamava a atenção era o inusitado da situação. Eu sei que outras, muitas outras ocasiões semelhantes já aconteceram, até mais dramáticas, quando títulos foram decidios em fração de segundos - no fundo sempre é uma questão de segundos: quanto tempo leva um gol? Mas, eu não tinha vivido nada parecido. Eu ficava imaginando a crueldade do fato com aqueles 32.150 espectadores que silenciaram abruptamente quando ainda comemoravam o gol e só esperavam, como eu, o apito final, que veio logo após o gol trágico.
A pergunta que levo para o Congresso ABRACE vai mais quente do que eu esperava: o que é que faz isso? A quem cabe a decisão? Que força estranha decide os rumos de uma partida? O absoluto? O grotesco? O destino? Os homens?
Alam me confessa então que, atendendo a meu pedido, gravou a comemoração do gol do Bahia, mas acabou, sem querer, gravando o gol do Coritiba. Quando assistia, perguntei a ele se gravou o imenso silêncio que ele mesmo relatou quando aconteceu o gol. Ele disse, conformado: "Não gravei. Meu silêncio foi desligar a câmera"!
Acompanhe o vácuo que ficou do GRITO ao SILÊNCIO:
É BOLADA, TRICOLOR!!!
Assinar:
Postagens (Atom)