Há quem interessar possa, estou deixando o elenco do espetáculo Doralinas e Marias, da Diretora Cecília Raiffer, onde tive o prazer de contracenar com Meran Vargens, Luiz Renato, Daniele França e ainda trabalhar com o produtor Luciano Martins e suas luluzetes Michele e Jacy, Rino Carvalho e Angélica Paixão, Zuarte Jr, Beth Grebbler, Zélia Uchôa, Luciano Bahia, Marquinhos Fernandes, Alam Félix e o menino fofo do cartaz que eu num lembro o nome. Os motivos são os mais bobos e prosaicos do mundo. A vida segue, a barriga ronca, os filhos crescem e a conta vence no dia!
Foi muito bom.
Com Sofia descobri coisas de mim que nem desconfiava. Já me chamava atenção o Solo Compartilhada, onde falo tanto de solidão. Depois, faço esta personagem pesada, dura, entristecida e que estranhamente nasce de um processo de imersão em nós mesmas e que de repente sai aquilo, aquele caroço, aquela dor. Aquele nó de trança que me acompanhou durante mais de um ano e que fará parte de mim pra sempre.
Eu sofri e fui feliz com Sofia. Sofri porque ela me consumia. Porque eram dias cheios e eu ia ensaiar cansada pra cacete, em meio ao mestrado, às aulas na ufba aos bicos diversos. Sofri porque como ela, tenho pavio curto e paciência quase nenhuma. Brigava com todo mundo. Mas depois fazia as pazes. Choraaaaaaaaaaava que dava dó. Tava até chato já. Até desmaiar eu desmaiei. Depois do desmaio em plena cena, nunca mais fiz Sofia como antes. Fiquei com medo dela, medo de mim, medo do momento em que havia desmaiado. Sentia um calor insuportável debaixo de toda aquela roupa e de toda aquela luz.
Fui feliz porque estava fazendo teatro, por mais cansativo que fosse. Estava lá, enfrentando o leão (porra, sacanagem, leão é Vitória!) Porque tava criando algo pra dar pra alguém que fosse lá me ver. Não sei se o resultado foi o que eu esperava. Aliás, sei sim. Não foi. Foi outra coisa. Nem pior nem melhor. Foi outra coisa. No fundo é sempre outra coisa.
Como as três mulheres presas naquela casa por imposição do outro ou de si mesma, nós também tínhamos uns paus consideráveis (delicados, mas consideráveis) e obviamente cada um pensava de um jeito. Coisas de processo de criação coletiva ou colaborativa, o termo que melhor se adequar. Fui feliz por isso também. Por aprender a ceder e tentar ver com os olhos dos outros.
Mas Sofia será minha pra sempre. Pelo menos a minha Sofia será sempre minha. Outra atriz vai assumir - Cecília Raiffer vai fazer no Festival de Uberlândia porque eu não posso ir - e depois outra virá.
Em junho, eu, adriana, corto os cabelos, finda-se a promessa.
Liberto-me do passado. Salto uma página e outra e depois outra. Doralinas e Marias, já me vou-me. Silêncios e ossos duram milênios. Ofícios dos ossos. Dos amores entalados. Lìngua enrolada no céu da boca. Rabiscos nas margens dos dias. (Sônia Rangel By Cecília Raiffer)
As folhas do calendário vão continuar caindo sobre nossas cabeças. O tempo vai dexar ainda suas marcas em meu rosto, meu corpo, meus cabelos, minha alma. O vento vai trazer a chuva forte e eu não vou me esconder.
Adeus Doralina, adeus Alice, adeus Manoel. Adeus Sofia!
Sobre Doralinas e Marias:
http://bloglog.globo.com/blog/blog.do?act=loadSite&id=167&postId=17665&permalink=true
http://corpocariri.blogspot.com/2009/11/blog-post.html
Foi muito bom.
Com Sofia descobri coisas de mim que nem desconfiava. Já me chamava atenção o Solo Compartilhada, onde falo tanto de solidão. Depois, faço esta personagem pesada, dura, entristecida e que estranhamente nasce de um processo de imersão em nós mesmas e que de repente sai aquilo, aquele caroço, aquela dor. Aquele nó de trança que me acompanhou durante mais de um ano e que fará parte de mim pra sempre.
Eu sofri e fui feliz com Sofia. Sofri porque ela me consumia. Porque eram dias cheios e eu ia ensaiar cansada pra cacete, em meio ao mestrado, às aulas na ufba aos bicos diversos. Sofri porque como ela, tenho pavio curto e paciência quase nenhuma. Brigava com todo mundo. Mas depois fazia as pazes. Choraaaaaaaaaaava que dava dó. Tava até chato já. Até desmaiar eu desmaiei. Depois do desmaio em plena cena, nunca mais fiz Sofia como antes. Fiquei com medo dela, medo de mim, medo do momento em que havia desmaiado. Sentia um calor insuportável debaixo de toda aquela roupa e de toda aquela luz.
Fui feliz porque estava fazendo teatro, por mais cansativo que fosse. Estava lá, enfrentando o leão (porra, sacanagem, leão é Vitória!) Porque tava criando algo pra dar pra alguém que fosse lá me ver. Não sei se o resultado foi o que eu esperava. Aliás, sei sim. Não foi. Foi outra coisa. Nem pior nem melhor. Foi outra coisa. No fundo é sempre outra coisa.
Como as três mulheres presas naquela casa por imposição do outro ou de si mesma, nós também tínhamos uns paus consideráveis (delicados, mas consideráveis) e obviamente cada um pensava de um jeito. Coisas de processo de criação coletiva ou colaborativa, o termo que melhor se adequar. Fui feliz por isso também. Por aprender a ceder e tentar ver com os olhos dos outros.
Mas Sofia será minha pra sempre. Pelo menos a minha Sofia será sempre minha. Outra atriz vai assumir - Cecília Raiffer vai fazer no Festival de Uberlândia porque eu não posso ir - e depois outra virá.
Em junho, eu, adriana, corto os cabelos, finda-se a promessa.
Liberto-me do passado. Salto uma página e outra e depois outra. Doralinas e Marias, já me vou-me. Silêncios e ossos duram milênios. Ofícios dos ossos. Dos amores entalados. Lìngua enrolada no céu da boca. Rabiscos nas margens dos dias. (Sônia Rangel By Cecília Raiffer)
As folhas do calendário vão continuar caindo sobre nossas cabeças. O tempo vai dexar ainda suas marcas em meu rosto, meu corpo, meus cabelos, minha alma. O vento vai trazer a chuva forte e eu não vou me esconder.
Adeus Doralina, adeus Alice, adeus Manoel. Adeus Sofia!
Sobre Doralinas e Marias:
http://bloglog.globo.com/blog/blog.do?act=loadSite&id=167&postId=17665&permalink=true
http://corpocariri.blogspot.com/2009/11/blog-post.html
Sinto muita saudade dessa montagem. Mexeu comigo, profundamente... afundando sensações de perdas e alumbrando coisas de sim e de não nessa minha memória do tempo ido e em gerúndio, continuando-contunuo-continuado...
ResponderExcluirSofia trouxe a trama em suas trançagens,,, numa barreira de luz que a própria obscuridão imiscuia e interditava-se no adentrar invadida e nua pelo pânico da espera...
Drica traz um pouco a salsugem naquela espera insana personalizada em Sofia, cuja caracterização poderia ser alter ego da atriz...
quiçá a próxima atriz a interpretar Sofia, Cecília Raiffer, traga viseiras e tranças de delongadas pausas...
Jober e sua poesia febril! Obrigad, querido.
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