domingo, 1 de julho de 2012

SIM, NÓS PRECISAMOS DE COPA DO MUNDO!




Que fique claro logo de entrada: Respeito todas as lutas!!!

Mas, honestamente, me incomodo às vezes, quando em nome de uma causa, a gente acaba entrando em questões que não são necessariamente o foco da discussão.

Por exemplo, responsabilizar o futebol pelos problemas de educação do país. Eu acho que uma coisa não tem nada a ver com outra. Salvar a educação não significa parar de jogar ou amar o futebol. O problema da Copa do Mundo de 2014 é a corrupção do nosso país e não a Copa do Mundo em si.

Precisamos, sim, de Copa do mundo, como precisamos de carnaval, de teatro, de novela.
Precisamos de Festivais de Teatro!
Precisamos de Festas Juninas!
Precisamos de Missas, Cultos, Encontros.
Precisamos destas coisas todas sem as quais aparentemente podemos ainda assim viver, porque elas são manifestações humanas distintas da necessidade pura e carnal dos animais.
Precisamos porque quase todo o país ama futebol e fica feliz em sediar uma Copa do Mundo, o maior ritual coletivo do mundo contemporâneo.

Se alguém dissesse que não precisamos de um Festival de Teatro, missa ou culto, estaria ofendendo as classes envolvidas. Por que então todo mundo se sente no direito de dizer que o país não precisa de uma Copa do Mundo?

Talvez você não precise, assim como muita gente não precisa de um monte de coisa que a gente precisa.

Tem gente que não precisa de Festival de Teatro? Tem. Eu preciso!

Tem gente que não precisa de Festas Juninas? Tem. Eu preciso!

Tem gente que não precisa de missa, culto? Tem.

Mas o país, enquanto nação se identifica através do futebol, e para o povo deste país sediar este evento, é sim um motivo de orgulho.

E gente, prestenção: dessa forma a gente fica brigando mesmo é entre a gente. Se o futebol for o grande inimigo da educação, lascou.

O inimigo do futebol, da educação, da cultura, da saúde em nosso país é o mesmo: CORRUPÇÃO. Dá pra entender ou vamos ter que desenhar?

Vamos parar de brigar com o futebol e focar direito esta luta.

Desunidos, somos alvo fácil, como temos sido por tantos anos.





Não precisamos é de fraude, de super-faturamento, de canalhice. A condução específica da Copa do Mundo de 2014 no Brasil é que talvez seja um grande fiasco. Estarmos reféns do gigantesco mercado que se formou em torno do futebol, talvez seja um dos maiores equívocos. Mas daí a colocar a culpa no futebol em si é jogar fora a criança com a água do banho.

Eu tenho certeza que um país tem condições de construir escolas e estádios de futebol.

Por que precisa dizer que não precisamos da Fonte Nova, e que precisamos é de escolas?

Ora, que jeito no mínimo estúpido de se manisfestar e de cobrar o que o governo tem que fazer.

Esse tipo de reivindicação cruzada (tira um e me dá outro) sinaliza a fragilidade de nossa maturidade política, quando vamos para a mesa do governo negociar - a partir de critérios próprios e por isso quase sempre preconceituosos - o que ele deve nos dar e o que ele pode nos negar. Pensamento tacanho.

Reclamamos tanto que sempre se muda de foco quando se discute uma luta, pois é isso que se faz ao ao atacar a realização da Copa do Mundo em nosso país. Batemos na Copa do Mundo e no desejo da grande maioria do povo deste país, quando temos que bater mesmo é no modelo político completamente falido que temos aqui, onde a corrupção impera desde a vendinha da esquina até o Congresso Nacional.

E pra encerrar este desabafo, uma pergunta direta:

QUAL O PROBLEMA DE CHAMAR TÉCNICO DE FUTEBOL DE PROFESSOR?




Será porque só se entende como professor aquele que fica na frente da sala dizendo suas verdades e atribuindo notas às nossas produções?

Não é de fato o técnico um professor, uma referência, um mestre, um guia no processo de construção do jogo? Se chamam professor de tio, caramba, a culpa não é do futebol. De novo a mania de colocar no outro a responsabilidade por suas mazelas.

Qual é o problema, oh, gente de educação? É difícil admitir que há outras formas de aprendizado que não a sala de aula? Bora estudar história da educação?

Eu acho, honestamente, que nossas práticas educacionais atuais são reacionárias, retrógradas, improdutivas, preconceituosas, pouco(ou nada) criativas, covardes e limitadas.

O que de mais importante e significativo em termos de educação se tem feito hoje em dia, devo revelar, é realizado fora da sala de aula. Pode ser duro ouvir, mas lá no fundo a gente sabe que esta é que é a verdade. E ficamos patinando, sem saber o que fazer, botando a culpa em todo mundo menos na gente (pra quem não sabe eu sou professora de sala de aula.)

Mas esta já é uma outra discussão. Fica pra próxima raiva que eu sentir!

Que se diga a tempo: o foco aqui, por incrível que pareça, não é defender o futebol, até porque ele vai muito bem obrigado, não precisa desta advogada. É chamar a atenção para os desmandos que temos feito em nome da educação e dos direitos deste país, pelos quais acreditamos que temos lutado, mas que talvez estejamos apenas repetindo frases de efeito escritas sabe deus por quem.

É bolada, professor!



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7 comentários:

  1. Concordo piamente: deflagrar uma luta contra o futebol para justificar o filhodaputismo pelo qual as politicas publicas sobre a educação no pais da piada pronta não dão conta é, no minimo, falta de educação e escrupulo. Mas nossa sociedade é assim: equivocada de pai e mãe, ela ainda acha que indio é indio e colonizador não é imigrante ilegal. Sociedadezinha bosta. To no teclado frances, nao sei botar qcento agudo e as letras séao trocadas. enfim...

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  2. Apesar de não gostar de futebol e de saber o quanto toda essa "midialização" da Copa do Mundo no Brasil pode contribuir para desviar a atenção e dinheiro de coisas muito fundamentais, não acho que a Copa seja menos importante que a Educação, Saúde, etc. Só penso que, assim como há dinheiro e empenho - apesar dos problemas, inúmeros - em torno desse evento esportivo, deveria haver tanto investimento e empenho direcionados aos demais serviços fundamentais dos quais todos precisamos - sem corrupção, claro! Sim, precisamos da Copa e do futebol, da mesma forma que precisamos de teatro, cinema, religião, etc. Porque são formas sociais de expressão, de encontro, de comunicação, e envolvem elementos afetivos, espirituais, estéticos, dos quais todo humano tem necessidade. Porque temos essas necessidades, não sei! Mas que todas essas coisas são tão necessárias quanto Educação, Saúde, Segurança, ah, elas são!

    Uendel Oliveira

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  3. Drica!!!!!!!!!!!! Eu entendo vc, mas tb entendo quem protesta. Veja: qual é a noção de prioridade desse país? Claro, a copa do mundo traz dividendos, turismo, visibilidade, blá, blá, blá. Mas, sinceramente, eu me pergunto: para quem? Para o povo? Eu duvido que a Copa do Mundo vai mudar a vida de alguém que mora na periferia de Salvador ou do Recife, sem rua asfaltada, sem saneamento básico, sem coleta de lixo, sem transporte decente, sem escola, sem posto de saúde. E, no entanto, esse camarada assiste a um investimento milionário do mesmo Estado que insiste em usar como desculpa para ele, quando das solicitações, um vergonhoso: "não tem recurso!". De onde vem essa "mulesta" desse recurso, então, quem define as prioridades? Eu acho que, num país como o Brasil, onde tudo é precário, onde tem um montão de gente passando fome, é legítimo sim questionar quais as prioridades dos gastos do poder público. É legítimo sim achar escandalosa a abertura dos cofres públicos para um evento como a Copa do Mundo. Pra mim, é mais ou menos, como se eu morasse numa "casa muito engraçada, que não tinha teto, não tinha nada" e quisesse dar uma festa de arromba nela. Desculpa, mas eu sou desses que pensam assim. kkkkk bjs

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    1. Ai eu to com tu Rodrigo, sim ao futebol e não para a Copa do Mundo. As diferenças são obvias. Fazer uma Copa no Brasil nesse momento é um deboche ao pobre miseravel aque acorda 4 horas da manhã pra pegar a fila de um hospital do SUS ou daquele pobre coitado que morreu na estrada por conta das péssimas rodovias. Eu acho que nossas expressões culturais e artisticas sao lindas, juntamente com as belezas naturais, mas o pais é uma verdadeira fossa séptica no ramo chancelaria publica que forma uma nação. A vida no Brasil vel picas (com todo respeito ao meu orgão genital). Beijao Rodrigo

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    2. Amores, bem vindos, mais uma vez à minha casa futebolística. Eu entendo, Rodrigo, o que vc diz,mas acho que quando vc levanta os possíveis ganhos da realização da Copa, vc traz apenas ganhos concretos, financeiros, os dividendos, como vc chama. Eu nem tô falando disso. Eu acho que isso é muito pouco, quse nada, ou mesmo um tiro no pé, como tem sido divulgado o abandono que estão as obras na África do Sul. Eu acho que os ganhos são simbólicos. Eu vejo minha irmã dizer que já vai começar a economizar pra ir assistir a algum jogo da Copa, que vai pagar em 20 vezes mas que ela tem que ir. Quando eu passo em frente à Fonte Nova eu tenho a mesma sensação e juro que não é racional, é do fundo do coração que eu sinto: MEU DEUS, EU PRECISO ASSISTIR A UM JOGO DA COPA AÍ DENTRO! Eu te juro, me dá um troço no coração. Mais uma vez eu insisto que a humilhação pela qual passamos nos postos de saúde, mas escolas, nas estradas, não deixam de ser prioridade por causa da Copa. Nós sediamo uma copa em 1950. São 62 anos sem Copa do Mundo e nada foi feito em relação à melhorias nestes setores, pelo contrário. Não acho que se não tivermos Copa do Mundo vamos ter melhorias nestes setores, mas não acho mesmo. E, como vc bem vai lembrar lá na outra resposta, se vamos governar por prioridades, muitas manifestações e atividades serão deixadas de lado, porque não são consideradas prioridades. Vocês não sabem o quanto a gente tem que ouvir em Jequié na UESB sobre o curso de artes, sobre precisarmos de uma sala específica, verba para nossas montagens, contratação de professores com vivência artística. Para a maioria a PRIORIDADE é a prática pedagógica e não a prática artística. Isso, só pra dar um exemplo. Mas, Rodrigo, como falei no começo do post, respeito todas as lutas. Só brado porque acredito que nem todo mundo que usa esses argumentos aguenta 5 minutos de debate, porque está apenas reproduzindo frases que se encaixam em seus preconceitos disfarçados de abordagem política. Mais uma vez, obrigada pela visita.

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  4. Complementando: eu não acho que o problema seja a Copa do Mundo, eu acho que o problema é como o Estado brasileiro administra seus recursos. Claro, esse meu argumento pode levar aos conhecidos, alguns já levantados por você, questionamentos: 1. ah, por que gastar dinheiro com teatro, então? 2. ah, por que obrigar o SUS a realizar as cirurgias de transgenitalização?. As diferenças são inúmeras, mas eu destacaria sim: o montante dos recursos, mas principalmente, o caráter efêmero da Copa do Mundo. Essas coisas é acirram o descontentamento de alguns com a Copa.

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  5. a força da expressão dita popular que afirma que o Brasil não precisa de copa, mas de educação, saúde etc. é um discurso especifista e imediatista, muito semelhante ao do eleitor que vota em determinado político se receber uma benesse em troca. isso denota uma educação limitada e tacanha. é preciso ampliar o campo de visão das pessoas e isso só se consegue com uma boa educação que pode perfeitamente caminhar ao lado de um bom futebol. parabéns pelo texto!

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