domingo, 15 de agosto de 2010

A FOTO DO NÃO CANDIDATO

Numa entrevista recente, o meu querido presidente Lula - meu maior ídolo político e social - nos fez lembrar que em 21 anos esta será a primeira eleição sem seu nome na cédula - que já foi só de papel, de papel e eletrônica e agora é apenas eletrônica. Ele faz parte (ou  melhor, ele é parte) da história da democracia deste país.

Era a primeia eleição direta para presidente desde o fim da ditadura militar.
Eu tinha, em 1989, 15 anos recém completados e não podia votar. Mas me lembro de ter feito boca de urna e de sempre ter torcido muito para a eleição de Lula, filha de pestistas que sempre fui.


Pulando de 89 para cá, tem uma coisa interessante que a gente pode ver nas campanhas desta primeira eleição sem Lula na cédula. Ele é o não-candidato que tem mais fotos espalhadas por aí. Mais até do que os próprios candidatos a cargos eletivos. Onde quer que você vai, tem lá uma foto do Lula. O bicho papão a quem ninguém queria se associar no passado, hoje parece um amuleto mágico e políticos de todos os partidos fazem montagens ao lado do presidente nordestino.


É só uma amostra de como as coisas mudaram. De que a história não é inexorável, como nos disse Paulo Freire.

Quem ousaria pensar num quadro desses em 89? Seria risível.

E todo um país defendendo o analfabeto contra o 'gênio' Caetano Veloso? Se durante as décadas de 80 e 90 dizer que Lula era analfabeto era provar que era uma pessoa bem informada, nos anos 2000 isso passou a ser não só uma infâmia, como prova de desatualização do falante.

O próprio Caetano sentiu o peso da tola frase. Intelectuais e toda a nação caíram em cima do 'culto e letrado' compositor e a mamãe teve que pedir desculpas em público pelas bobagens do pimpolho. Não seria,então, uma grande ironia que este 'analfabeto' tenha promovido uma verdadeira revolução no ensino público deste país? Quem tem interesse que veja a quantas andam projetos como o REUNI, PROUNI e IF's em todo o Brasil. Quem estuda e quem ensina sabe do que eu tô falando. (E por falar em Veja, acho que essa é a melhor capa do semanário de todos os tempos).

Pois para mim, Lula é o grande homem da história deste país. Ele é o homem que confiou em si, em sua nação, em sua classe trabalhadora. E foi o único capaz de pensar o Brasil como um verdadeiro brasileiro, porque traz em sua própria história as marcas deste Brasil guerreiro. Nordestino, conheceu a dor da seca, o preconceito dos paulistas, as puxadas horas de trabalho do operário, a mutilação no trabalho, as constantes derrotas alimentadas pelo preconceito e pela falta de auto-estima de nosso povo. Um amigo meu disse uma vez: o que se pode esperar de um secretário de transportes que nunca pegou ônibus? É exatamente o mesmo princípio.

Mas, este batalhador teimoso, derrotado em três eleições (eu tinha vontade de escrever para o Lula e pedir que ele não se candatasse mais, que era muito sofrimento e ele não merecia isso) sobreviveu e mais do que isso, venceu. Realizou o projeto de um Brasil que ele tinha certeza ser possível e provou para todos nós que estava certo.


Nas eleições seguintes eu tive a honra de votar em Lula e de elegê-lo Presidente da República, fazendo história.

Não votar em Lula este ano deixa uma pontada de tristeza, mas também sinaliza uma maturidade política. Sai de cena, o meu eterno presidente, como o cavalheiro que sempre foi - no agreste estilo nordestino ou no estilo 'pseudo-europeu' dos sulistas. Mantém abertas as portas de um novo Brasil e aos poucos consolida nossa tão surrada (apesar de recente) democracia.


Ao lado de meus ídolos Che Guevara, Fidel Castro, está Luiz Inácio Lula da Silva. Um presidente Silva. Silva como eu. Primo-irmão de boa parte dos pobres deste país, a quem tão bravamente representou e defendeu.É um privilégio ter um ídolo político vivo e não preso nas saudade do passado. É um privilégio gostar de um presidente, depois que havíamos nos acostumado a sermos praticamente inimigos, povo e políticos.



Obrigada, presidente Lula, por estas décadas de transformação e por nos mostrar que é possível, sim, a realização de grandes projetos de mudanças. Obrigada por fazer com que possamos nos enxergar como brasileiros e que isso nos dê orgulho. Eu acredito e trabalho por este novo Brasil, que tem na sua figura um grande exemplo.Você é o grande homem da história deste país.

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