Depois da pesquisa de mestrado realizada no PPGAC - UFBA, intitulada TEATRO X FUTEBOL: Por uma dramaturgia do espetáculo futebolístico, dou continuidade à pesquisa em nível de doutorado: A EXPERIÊNCIA TRÁGICA DO TORCEDOR: o Futebol como espetáculo absoluto do Século XX. Neste blog pensamentos, perguntas, problematizações, cotidianices, política, arte, poesia. TEATRO E FUTEBOL juntos, porque entre o campo e o palco, entre o jogo e peça existem mais parentescos do que supõe a nossa vã filosofia.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
INFÂNCIA E FUTEBOL
Quem não ganhou um mijãozinho do time do papai ou do time do titio para pirraçar o papai?
Com quantos anos vc usou a primeira camisa (ou todo o padrão) do seu time? Quando vc escolheu seu time? Quem escolheu seu time?
A relação dos torcedores com o seu time de futebol (que não se troca jamais) é uma relação que nasce geralmente na família. Mas o gosto pelo futebol é anterior ao gosto pelo time e vem com a paixão do ser humano pela bola. A bola é um dos instrumentos mais importantes no desenvolvimento de uma criança, ajudando-a não apenas na aquisição do equilíbrio, senso de direção, noções de espaço, direção, força e velocidade, como também na sua socialização. A bola é sempre o motivo pelo qual as crianças começam a conversar nos parquinhos e plays.
As escolinhas de futebol se multiplicam. PES2010 (jogo impressioanantemente fiel a um jogo de futebol real, com avatares não só fisicamente parecidos com seus originais, como também as características de jogo) é a sensação do momento em termos de palystaion. É o futebol dentro da minha casa, em cima da minha mesa. Isso sem falar na opção mais tradicional que é o futebol de botão, máxima da abstração, quando círculos de plástico ou acrílico viram jogadores e onde - pasmem - a bola não é redonda! Pais e filhos (aqui em casa inclua mãe e filha) deliciam-se na prática e no ensino-aprendizagem das regras e táticas.
Mas, não é só a criançada que tem um apreço especial pelo futebol. A recíproca é verdadeira.
O rito de entrada dos times no estádio é iniciado com a entrada dos jogadores acompanhados de crianças, segurando-as pelas mãos. O número de crianças que entram com seu time (tem que estar com o padrão completo do time) é cada vez maior.
Meu filhote já entrou diversas vezes com o escrete (como se dizia na época de Nelson Rodrigues)do Bahia, feliz da vida. A burocracia até que é pouca. A criança entra num túnel e o juizado de menores dá a autorização para a entrada. As crianças pegam nas mãos dos jogadores e encaram a imensa multidão de torcedores, gritando, ovacionando seus ídolos. A presença dos balões de ar é a antítese da suposta brutalidade do jogo.
Agora, pense na força desta sensação para uma criança. Uma visão que talvez eu jamais conheça. Ver a torcida de dentro do campo. Estar dentro do palco! Fazer parte deste momento. Esta é uma inicializãção, no mínimo eficaz!
Depois desse momento, as crianças se soltam e devem voltar para seus pais. Mas não sem uma corridinha livre pelo tapete verde. E eu asseguro, é lindo ver meu filho correndo livre pelo gramado de Pituaçu sem dar-se conta da platéia de 30.000 espectadores que assistem à sua inocência feliz.
O futebol de hoje cuida do futebol de amanhã e este carinho especial de colocar a criançada como parte inicial e importante do rito é sem dúvida um reconhecimento de que a prática de futebol é coisa de gerações.
Mais que linda, a relação entre a criança e o futebol é invejável.
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A escolha do time passa também, ou melhor, muito de como é a relação entre você e a sua família neste momento de escolha. Se o ambiente lhe for favorável você vai querer ser como, vai torcer junto e aí não importa a que clube, mais tarde vem o casamento com o time e só então você percebe que não vai se separar. Se não, será o contrário.
ResponderExcluirÉ mesmo por aí. Sempre digo que sou corinthians porque meu pai mandou e Bahia porque meu marido mandou. Mas no fundo creio que é mesmo por aí. Ser corintiana é ser como meu pai e ser Bahia é dar-me conta de que escolhi o marido certo.
ResponderExcluirNo meu caso, pelo que me lembro, como na minha família ninguém ligava muito (ou quase nada) pra esse tal de futebol, a escolha do time foi por um gosto pelas "minorias" que trago comigo desde sempre. Tinha 9 anos de idade no ano de 1974, quando disputariam a final do campeonatopaulista Corinthians e Palmeiras. Como na escola em que estudava parecia só haver corinthiano eu que, até então, também não dava bolas pro futebol, só mesmo por pirraça, resolvi ser palmeirense, teimosia que graças a São Genaro dura até hoje. Penso também que em todos esses meus anos de vida, dentre todas as decisões que tive de tomar, essa foi uma das mais acertadas. Beijos galera!!!
ResponderExcluirAndré Arruda
Mas, André, eu morria e num sabia o motivo de vc ser palmeirense. Aqui na Bahia tem algo parecido. Muitos amigos meus já admitiram que são Vitória porque a torcida do Bahia, que é muito grande e ruidosa, incomoda a 'paz' dos domingos. Assim, passaram a torcer para que o Bahia não ganhasse e a cidade não se transformasse no carnaval que sempre é quando o Bahia ganha. Muitos Vitórias são, assumidamente (alguns às escondidas) apenas anti-Bahia.
ResponderExcluirMas, é isso aí. Saudade de vc, menino!
Bjoca.
Não dá para explicar este negocio de paixão de torcedor, às vezes é meio inracional e se racionalizar de mais estraga.
ResponderExcluirÉ só curtir e pronto.