Eu juro que eu me controlei pra não escrever, porque ia ficar parecendo mágoa de cabocla, parecendo choradeira de quem perdeu, mas agora num dá mais, né gente...
E vai numa linguagem de torcedor mesmo, viu.
A gente vai fingir que não tá uma esculhambação este campeonato brasileiro até quando, hein? A gente vai fingir que num tá vendo o esquema montado para manter os times da ‘periferia’ do Brasil fora dos grandes campeonatos, longe das zonas de classificação, até quando?
Quantos times do Nordeste e do Norte ainda estão na série A? Até quando? É um esquema, gente, tô falando.
Porque, pela mãe do guarda, o que os juízes têm feito com o time do Bahia neste campeonato é uma coisa assustadora. Vai dizer que eu tô exagerando? Gols legais anulados, pênaltis não marcados para nós e marcados para eles quando não há, cartão amarelo a toda hora, passar do tempo regulamentar e dos acréscimos anunciados, fala sério.
O Bahia, como grande time que é, vai se mantendo firme, dando trabalho para os grandes times. Diz pra mim se o Bahia não deu baile no Corinthians, no Santos, no Flamengo, no Fluminense e mesmo no Vasco? Diz, honestamente se não é time pra G4. É, gente. Não ganhou, mas também não perdeu para times que estão no G4. E o líder só ganhou porque o juiz roubou mais do que político quando se elege. Que porra de jogo foi aquele? E Neto dizendo que o Corinthians tava melhor... a onde? Sofrendo pra manter o 1 X 0 fruto de um pênalti roubado.
Ah, tá ficando feio e chato e a gente precisa fazer alguma coisa, fazer um barulho. Acabar com essa sujeira a gente não vai, mas pelo menos tem que dizer que tá feio, que tá todo mundo percebendo.
E não é só contra o Bahia, não. Depois dos jogos, é uma chuva de denúncia nas redes sociais. O Inter hoje com o Flamengo... Olha gente, eu sei que estudo futebol na academia, e não sou assim especialista no jogo pra falar com propriedade de macho, mas peraí, eu achei o juiz muito ladrão pro Flamengo. Muito cartão amarelo pro Inter, o gol de Ronaldinho foi meio roubo do cara lá na barreira, num foi não? Eu hein.
Isso não é de hoje, né. Aqui mesmo nesse blog eu falei do Vasco de 23, quando todos os times cariocas se indignaram que aquele time de pretos que acabara de subir para a primeira divisão estava ganhando de todos. Não conseguiram tirar o campeonato do Vasco, mas pelo menos tiraram sua invencibilidade que tornava a humilhação ainda maior. Todos os times cariocas se juntaram, sobretudo os arquirrivais Flamengo e Fluminense, para baterem no Vasco (que agora cresceu, virando time grande e ganhou roubado do Bahia, quando o jogo já tinha acabado e o juiz não marcou a falta no goleiro do Bahia).
E como se os juízes não fossem suficientes para a sacanagem, ainda escalaram para o time da putaria os comentaristas da Globo e da Band que para humilharem o futebol do Norte-Nordeste (e tudo o mais que a gente fizer por aqui) até deixam de ser rivais. Isso sim é INACREDITÁVEL. ISSO SIM É UMA BOA DUMA BOLA MURCHA.
Quem consegue assistir a um jogo na Band, quando o time adversário é paulista? Fala sério, eles não percebem, não, que aquilo é uma vergonha?
Que eles simplesmente ignoram que o Brasil é muito mais do que São Paulo. Eles narram o jogo sempre do ponto de vista do time paulista. Bem assim é a Globo com os times do Rio. Ok, quer colocar torcedor para comentar, coloca dos dois times, porra. Eu sou corintiana também, mas aguentar Neto, ninguém merece, né. E cá pra nós, eu já cansei da briga encenada dele com o insuportável do apresentador do Terceiro Tempo que eu esqueci o nome e tô com preguiça de procurar. Chato! Milton Neves, lembrei quando estava revisando o texto.
E os comentaristas da Globo? Júnior, flamenguista e Casagrande, corintiano. Dá pra ser feliz com tanta manipulação?
Eles, além de desagradáveis eles fazem um papel nojento, que é o de esconder as merdas que os juízes vêm fazendo. Eles mesmos, podem perceber, se dedicam meia hora a defender o juiz quando a merda é inegável. Eles querem colocar a todo custo a leitura deles na cabeça dos espectadores. O lance do gol de Ronadinho mesmo hoje, e o cartão vermelho do Inter, eles falaram demais. Se tivesse mesmo tudo certo eles não precisariam fazer tanta falação. A gente sente a voz deles insegura, vê que eles tão criando uma argumentação para livrar a cara do juiz e não permitir que a polêmica seja criada durante a semana nos botecos, bancas, padarias e açougues... Eu estudo recepção, gente, eu sinto a dissimulação.
Ai, que raiva, viu.
E tem mais, eu acho isso uma sacanagem com o futebol e um tiro no pé. Porque vai ficar tão feio que a gente vai acabar escolhendo algo que realmente nos represente, que fale de nós. Estão definitivamente tirando o futebol do povo, fazendo dele um negócio podre, burocrático, falso, manipulado, tirando dele seu elemento fundamental que é o destino, o imponderável, o emergente. Sem isso, acabou. Para ver cena montada a gente tem os teatro, que passou pelo mesmo processo de burocratização e sequestro de seu verdadeiro dono: o povo. Pois a gente vai fazer o mesmo que fizemos com o teatro: Vamos deixar de lado, deixar de ir, deixar de ver, deixar de acreditar.
Eu sempre quis, na minha pesquisa, identificar uma possibilidade do teatro encontrar no futebol uma forma de voltar ao povo, até o momento em que me dei conta que o futebol já era em si o teatro do povo.
Mal sabia eu que era o futebol quem corria o risco de se vender como o teatro. Queria que ainda houvesse salvação, mas pra ser sincera, não acredito não.
E que ironia do destino. Vai acabar o juiz tendo não só o poder de acabar com o jogo, como também pôr fim ao futebol. Que cômico. Que trágico.
É BOLADA, TORCEDOR USURPADO!